10 de julho de 2016

{Resenha} Por Lugares Incríveis

Hoje a resenha é sobre o livro "Por lugares incríveis" da autora Jennifer Niven.

Eu confesso que quando comprei esse livro, queria uma leitura leve e bem fluida, uma leitura que me fizesse desanuviar dos sentimentos pelos quais mantive após a leitura de alguns livros densos e confesso que me surpreendi.

O livro conta a história de Violet Markey e Theodore Finch. Os dois se conhecem porque apresentam o mesmo sentimento: a vontade de se suicidar, porém nessa luta constante entre o consciente e o inconsciente/impulsividade eles acabam se conhecendo e, após um trabalho de escola em conjunto de geografia, começam a se ajudar na luta por se manterem vivos. 

A narração no livro é feita pelos dois e o que podemos observar é a inconstância nos sentimentos de ambos. Violet, que era uma garota animada, popular e namorava o cara mais gato da escola, perde o prazer de viver a partir do momento que tem que lidar com a dor da perda e se fecha. Finch quer mostrar várias partes dele, tendo em vista que cresceu em uma família desestruturada, com um pai abusivo e uma mãe fechada em sua bolha, acaba mudando constantemente de personagem para se firmar nesse mundo da adolescência, ao mesmo tempo difícil e cruel. 

O livro me levou a vários questionamentos, mas um deles me chamou mais atenção: Qual a real importância que damos a uma pessoa que quer tentar o suicídio ou que tentou se suicidar?

Violet era a menina marcada pela sua fama e pelas atividades dentro da escola e o luto pela perda da irmã foi entendido, mas ela era sempre cobrada a retomar sua vida de antes, a realizar suas atividades, mas ninguém entendia que ela ainda estava em luto e só queria sobreviver. 
Para Theodore, as coisas eram um pouco mais complicadas, ele sofria muito bulling e isso sempre foi considerado normal, pois as advertências e a quase expulsão acabavam contendo seu temperamento intempestivo. Ele era conhecido como o Aberração e por conta disso fazia coisas bizarras, que qualquer adolescente faria, porém isso era visto como chamar a atenção, uma bobagem e aí é que encontramos o nosso verdadeiro erro. O papel da família nessas situações são cruciais para tentar manter o diálogo e minimizar a vontade de executar a ação/ o ato de se suicidar.

Além disso, conseguimos identificar na leitura um amor que foi regado e transformou a vida de ambos, mesmo sendo um romance, é um livro que de clichê não tem nada. 
"Você foi, sob todos os aspectos, tudo que alguém poderia ser. Se existisse alguém capaz de me salvar, seria você."
A autora, com uma grande maestria, nos retrata temas que ainda são um tabu, como a depressão na adolescência, a bipolaridade e a ideação suicida. 
O livro traz a crítica a sociedade, as famílias e até mesmo amigos de jovens que um dia tentaram ou pensaram em atentar contra a própria vida. 
E ainda, Jennifer aborda o quanto uma rede familiar é importante para manter o diálogo constante impedindo com que o suicida ou paciente entre dentro da sua própria bolha e se feche.  

E em relação a minha pergunta lá em cima, o que eu vejo é que sempre tratamos um caso de ideação suicida como: "a é uma bobagem", "quer chamar a atenção" ou "é uma coisa momentânea e logo passará". A primeira coisa é entender que existe um risco e se há um risco, temos que intervir de alguma forma, e a comunicação é um passo muito importante. A pessoa está em sofrimento e as vezes a única saída é essa. Pode ser uma fuga? Sim, mas antes de julgarmos, que tal tentar ajudar, e assim minimizar um pouco o índice de suicídio. Hoje, esse assunto é visto como um tabu, mas precisamos abrir esses diálogos, precisamos orientar essas famílias, minimizar os danos causados por uma tentativa de suicídio ou o ato em si de perder um amigo/familiar dessa forma. 
Isso é um problema que assola muitos jovens no mundo inteiro, então temos que intervir, nem que seja notificando as equipes de saúde mental.  

E ainda sobre o tema, observamos que o índice de suicídios aumentou principalmente aqui no Brasil. De 2002 a 2012, houve um aumento dos 10 aos 14 anos de 40% e dos 15 aos 19 anos de 33.9%, o que podemos constatar é que não é tão simples assim e tomar cuidado em pensar que é uma simples besteira ou uma depressão ou tristeza que pode levar a um suicídio (Clique aqui para ler mais).

O que posso dizer é que o livro é lindo. A escrita é fluida sim, mas não é uma leitura leve. O tema é intenso e ao avançar das páginas você vai se sentindo como esses adolescentes. Foi um dos melhores que li esse ano e afirmo à você que a leitura vale muito a pena e vale cada página e cada lágrima derramada. 

Venha comigo embarcar por esses lugares incríveis pelos quais nossos protagonistas passaram.
"A esperança está em aceitar sua vida como ela se apresenta agora, mudada para sempre. Se puder fazer isso, a paz virá em seguida. Mudada para sempre."

Livro: Por Lugares Incríveis
Autor: Jennifer Niver
Gênero: Romance
Editora: Seguinte
Páginas: 336
Sinopse: Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, Violet se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão,
Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los.
o pai violento e a apatia do resto da família.

Denise Brigido "Uma pessoa que ama os livros, e esse mundo literário, adora viajar e conhecer novas culturas e é louca pelos animais. Sou apaixonada pela vida, pelos animais e por viagens. Fisioterapeuta de profissão e leitora compulsiva de coração! Leio livros desde os meus 8 anos e hoje aos 30 resolvi embarcar nessa aventura, que é poder compartilhar um pouco com vocês o meu amor por esse universo literário."

2 comentários:

  1. Oi Dê

    Gostei muito deste livro.
    Nao concordei com o desfecho (de novo...rs), mas achei um livro bem gostoso pra ler
    Bjks mil

    www.maeliteratura.com

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    1. Oi Clau, nossa gostei bastante do livro, essa foi um dos livros que me fizeram repensar muitas coisas.
      Beijos

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