Hoje a resenha é sobre o livro "Mulheres Extraordinárias: As criadoras e a Criatura" de Charlotte Gordon.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Eu não tenho como mensurar a minha felicidade em poder conhecer um pouco mais a vida de Mary Wollstonecraft e Mary Shelley, quando a DarkSide Books lançou esse livro.
Temos nessa obra, a cronologia biográfica, de duas mulheres que revolucionaram os séculos XVIII e XIX com as suas ideologias, sua escrita e sua maneira de lidar com a população local, nas suas relações individuais e em sociedade.
Mary Wollstonecraft sendo a segunda filha e a mais velha das meninas, ficou refém do cuidado e zelo de suas irmãs e irmãos. O irmão mais velho, que era de quem sua mãe tinha mais cuidado e amor, acabou saindo de casa cedo para estudar, deixando os outros sob os cuidados de uma mãe dura e cruel e de um pai alcoolista.
Ainda assim, Mary não desistiu, saiu de casa aos 19 anos e fundou uma escola com sua irmã mais nova e sua melhor amiga Fanny, em Londres. Depois de diversos problemas financeiros, elas decidiram fechar a escola. Chegou a ser governanta e começou a traduzir textos em francês e alemão.
Mary começou a escrever e foi uma precursora do feminismo, com um livro que vendeu bastante na época mas que não a levou ao aclamado sucesso por conta de todos as questões do papel da mulher na sociedade da época. Mary ainda teve uma filha fora do casamento, o que a colocou em um local de mais rebeldia dentro da sociedade. Ela foi abolicionista e conheceu muitos filósofos e escritores famosos da época, por sua influência na literatura. Ainda assim, ela não baixou a cabeça e quando faleceu, depois de ter febre puerperal, dez dias após o nascimento de sua segunda filha, Mary estava escrevendo um outro livro, que a reconheceria de fato como uma grande escritora.
E intercalando a escrita, está a filha dessa mulher revolucionária, que nasceu de uma relação um pouco improvável e que deu certo, Mary Godwin. William Godwin era um filósofo e tinha alguns livros escritos, se tornaria futuramente uma grande influência da filha.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Após casar novamente, Mary começou a perceber que precisaria compartilhar o amor de seu pai, que admirava e amava incondicionalmente. Mary teve oportunidade de ter uma boa educação e dedicava suas horas as leituras das obras da mãe e do pai. Ao conhecer Shelley, Mary também começou a escrever em seu diário e viu que o poeta a incentivava bastante.
Após escrever a sua obra, que a colocaria em destaque, Mary viu que não era bem assim. Franskenstein não levou muitas críticas positivas e a autora começou a perceber que aquele mundo ainda era muito dominado por homens.
Mary Shelley, assim como sua mãe, lutou para que a mulher tivesse o reconhecimento e fosse de fato vista como protagonista de suas histórias. Mary teve em Shelley um companheiro digno de troca, mas os problemas das relações conjugais levaram a Mary a enfrentar vários questionamentos sobre aquela relação e sobre a sua obra.
Charlotte, de uma forma esplêndida, traz a cronologia dos fatos, a infância dessas duas mulheres extraordinárias. Duas mulheres que nasceram em uma época que só o casamento salvava. Uma época que elas não tinham direito a votar, a ter nada em seu nome, a se quer ficar com os filhos, conseguiram fazer história, mesmo que aos trancos e barrancos, sendo que Shelley teve um pouco mais de sorte do que a sua mãe, que teve sua vida ceifada ainda muito cedo.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
O livro é um primor, a história dessas duas é de dar um quentinho, porque apesar da morte das duas, elas foram reconhecidas como mulheres que fizeram história para o feminismo e para a literatura estrangeira. E ainda que nós, em pleno século XXI, temos que brigar para ter esse espaço nesse mundo machista e opressor. Conhecer a fundo o que essas mulheres passaram, nos faz persistir e acreditar que estamos no caminho certo.
Eu só tenho a agradecer a caveirinha por ter trazido esse livro e a Charlotte, por nos ter dado a oportunidade de conhecer a história dessas duas mulheres. Essa leitura se tornou uma das minhas favoritas e a indico de olhos fechados!
*Livro cedido em parceria com a Editora.
Onde Comprar: DarkSide Books
Título: Mulheres Extraordinárias: As criadoras e a Criatura
Editora: DarkSide Books
Páginas: 624
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