11 de abril de 2021

{Resenha} O ar que me falta: História de uma curta infância e de uma longa depressão

Hoje a resenha é sobre o livro "O ar que me falta" de Luiz Schwarcz.

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu acho que nunca li um livro tão rápido como esse de memórias do fundador da Companhia das Letras. Vocês já sabem que eu dificilmente leio uma sinopse, eu encaro a leitura e acabou. Então, não fazia ideia que era sobre o cara que fundou uma das maiores editoras do país, confesso que fiquei em choque. 

Quem gosta de ler memórias, sabe que pode mexer bastante com o leitor. E não é diferente comigo. Eu amo ler biografias, saber o que aquela pessoa fez, como chegou até ali, e confesso que fiquei bem mexida com a leitura desse livro. 

Luiz retrata a sua relação com o pai e como isso pode ter influenciado na sua saúde mental. Vamos conhecer uma criança mais introspectiva, filho único, que sofria a pressão de pais amorosos, mas que justificavam todas as crises e frustações do casal na criança. 

Os pais do nosso protagonista foram sobreviventes do holocausto. O avó de Luiz estava no trem com seu pai, indo em direção as câmaras de gás, quando o avó em um insight, empurrou o menino trem afora, ainda em movimento. Láios se salvou, passou por vários perrengues e sofrimentos, até chegar aqui. 

Láios frequentava a comunidade húngara, o Clube hebraico e a sinagoga no bairro de Higienópolis, no centro de São Paulo. Ele conheceu Mirta e se casou. Em uma relação conflituosa, após várias brigas, chegaram a se separar, quando o Luiz ainda era criança e retomaram o casamento um tempo depois. Ainda adolescente, Luiz chegou a fazer terapia por seus pais acharem que ele estaria deprimido, e foi assim até a fase adulta. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Em muitos momentos, Luiz fala sobre a sua depressão e como isso impactou no seu convívio social e emocional. O que o ajudou bastante foi o apoio da família, sua esposa Lilia Schwarcz e seus filhos Pedro e Julia. Além da depressão, Luiz foi diagnosticado com Bipolaridade e após a passagem por vários psiquiatras e uma internação, hoje se sente bem e estável. E ele credita essa melhora a esposa, que sempre esteve ao seu lado, o apoiando e acolhendo em momentos de crise. 

Lidar com uma doença mental não é fácil, para a pessoa que está em sofrimento e todos ao seu redor. E o nosso autor foi bem sincero e verdadeiro ao relatar suas memórias, importante dizer que ele conseguiu ter acesso ao tratamento correto e pessoas ao seu lado para o auxiliarem, as vezes isso pode não acontecer. O relato do Luiz é singelo, puro e de uma carga emocional bem grande. Eu fiquei bem tocada com a sua biografia, o tanto que ele conquistou e o tanto que teve que transpor para ter coragem de chegar até aqui e assumir a sua doença, de uma forma clara e elucidativa. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

E todos sabemos como uma doença mental é ainda muito estigmatizada e ter esse relato é super importante para uma sociedade que não está preparada para lidar com pessoas com algum transtorno mental. Desmistificar a doença e trazer um novo olhar é super importante para o momento atual da saúde mental no país.

Eu amei o livro, amei a leitura. Acredito que não é uma leitura leve, mas é muito necessária. Se você não for muito fã de memórias, dê uma chance, você irá se surpreender. 

*Livro cedido em parceria com a Editora. 

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Título: O ar que me falta: História de uma curta infância e de uma longa depressão
Autor: Luiz Schuwarcz
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 200

Sinopse: Um sensível relato sobre família, culpa e depressão.
Luiz Schwarcz carrega consigo a história de uma família que abandonou tudo para fugir ao terror nazista: o pai, húngaro, conseguiu escapar, sozinho, de um trem a caminho do campo de extermínio de Bergen-Belsen, deixando Láios, seu pai, no vagão que acabou por levá-lo à morte; a mãe, croata, teve de decorar aos três anos um novo nome, falso, para embarcar com a família num périplo que os levou primeiro à Itália e depois ao outro lado do Atlântico. Os dois, André e Mirta, se encontraram no Brasil, com as lembranças dolorosas do passado trágico a pesarem sobre a nova vida.
Filho único, Luiz, ainda jovem, entendeu ser responsável por expurgar as culpas que André carregava por não ter podido evitar o fim extremo do próprio pai ― avô do autor ―, e se via como o elo a manter estável o casamento de André e Mirta, união cheia de silêncio, dor e incompatibilidade. Assumir esse papel, porém, será a fonte de angústias que o acompanharão ao longo de toda a infância, adolescência e vida adulta.
Ao recuperar com franqueza estas memórias, Luiz Schwarcz constrói um sensível e detalhado relato de como a depressão e os traumas, próprios e de terceiros, podem tirar o fôlego de qualquer um e permanecer latentes em existências por fora marcadas pela aparência do sucesso.

Denise Brigido "Uma pessoa que ama os livros, e esse mundo literário, adora viajar e conhecer novas culturas e é louca pelos animais. Sou apaixonada pela vida, pelos animais e por viagens. Fisioterapeuta de profissão e leitora compulsiva de coração! Leio livros desde os meus 8 anos e hoje aos 30 resolvi embarcar nessa aventura, que é poder compartilhar um pouco com vocês o meu amor por esse universo literário."

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