Hoje a resenha é sobre o livro "O ar que me falta" de Luiz Schwarcz.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Eu acho que nunca li um livro tão rápido como esse de memórias do fundador da Companhia das Letras. Vocês já sabem que eu dificilmente leio uma sinopse, eu encaro a leitura e acabou. Então, não fazia ideia que era sobre o cara que fundou uma das maiores editoras do país, confesso que fiquei em choque.
Quem gosta de ler memórias, sabe que pode mexer bastante com o leitor. E não é diferente comigo. Eu amo ler biografias, saber o que aquela pessoa fez, como chegou até ali, e confesso que fiquei bem mexida com a leitura desse livro.
Luiz retrata a sua relação com o pai e como isso pode ter influenciado na sua saúde mental. Vamos conhecer uma criança mais introspectiva, filho único, que sofria a pressão de pais amorosos, mas que justificavam todas as crises e frustações do casal na criança.
Os pais do nosso protagonista foram sobreviventes do holocausto. O avó de Luiz estava no trem com seu pai, indo em direção as câmaras de gás, quando o avó em um insight, empurrou o menino trem afora, ainda em movimento. Láios se salvou, passou por vários perrengues e sofrimentos, até chegar aqui.
Láios frequentava a comunidade húngara, o Clube hebraico e a sinagoga no bairro de Higienópolis, no centro de São Paulo. Ele conheceu Mirta e se casou. Em uma relação conflituosa, após várias brigas, chegaram a se separar, quando o Luiz ainda era criança e retomaram o casamento um tempo depois. Ainda adolescente, Luiz chegou a fazer terapia por seus pais acharem que ele estaria deprimido, e foi assim até a fase adulta.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Em muitos momentos, Luiz fala sobre a sua depressão e como isso impactou no seu convívio social e emocional. O que o ajudou bastante foi o apoio da família, sua esposa Lilia Schwarcz e seus filhos Pedro e Julia. Além da depressão, Luiz foi diagnosticado com Bipolaridade e após a passagem por vários psiquiatras e uma internação, hoje se sente bem e estável. E ele credita essa melhora a esposa, que sempre esteve ao seu lado, o apoiando e acolhendo em momentos de crise.
Lidar com uma doença mental não é fácil, para a pessoa que está em sofrimento e todos ao seu redor. E o nosso autor foi bem sincero e verdadeiro ao relatar suas memórias, importante dizer que ele conseguiu ter acesso ao tratamento correto e pessoas ao seu lado para o auxiliarem, as vezes isso pode não acontecer. O relato do Luiz é singelo, puro e de uma carga emocional bem grande. Eu fiquei bem tocada com a sua biografia, o tanto que ele conquistou e o tanto que teve que transpor para ter coragem de chegar até aqui e assumir a sua doença, de uma forma clara e elucidativa.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
E todos sabemos como uma doença mental é ainda muito estigmatizada e ter esse relato é super importante para uma sociedade que não está preparada para lidar com pessoas com algum transtorno mental. Desmistificar a doença e trazer um novo olhar é super importante para o momento atual da saúde mental no país.
Eu amei o livro, amei a leitura. Acredito que não é uma leitura leve, mas é muito necessária. Se você não for muito fã de memórias, dê uma chance, você irá se surpreender.
*Livro cedido em parceria com a Editora.
Onde Comprar: Grupo Companhia das Letras e Amazon
Título: O ar que me falta: História de uma curta infância e de uma longa depressão
Autor: Luiz Schuwarcz
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 200
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