Hoje a resenha é sobre o livro "O que sobra" de Príncipe Harry.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Eu não acompanhava muito a família real inglesa, confesso. Quando saiu o documentário "Harry e Meghan" na Netflix, fiquei bem curiosa para ler o seu livro também. Confesso que até iniciei "The Crow", porque queria saber um pouco mais da dinâmica da família.
A princesa Diana foi um marco na vida de muitas pessoas, eu era criança, então não entendia muito essa coisa de existir princesa ainda. E quando o Harry narra como foi contado a sua morte, parece cena de filme captada em câmera lenta.
No primeiro momento e por muito tempo ele acredita que a mãe simplesmente está escondida. Não sei se o fato de viver em uma bolha tão grande, o faz acreditar que nada de ruim pudesse acometer a mãe ou alguém da família, mas a medida que ele cresce, se torna adulto, vai pro exército e vê as fotos do acidente, que ele entende que seria impossível a mãe estar escondida esse tempo todo.
E assim, ele vai narrando os momentos da sua vida, a adolescência conturbada, marcada por uma dificuldade na escola e o relacionamento truncado com o pai.
Quando ele opta por não cursar a faculdade, confesso que fico um pouco decepcionada, penso: Como assim essa pessoa não quer estudar? Ele tem oportunidade e dinheiro, poderia estudar em qualquer lugar do mundo. Mas, não. Ele escolhe por ir para o exército e essa é uma parte do livro bem maçante.
Harry namora várias pessoas, sempre emendando uma relação na outra e isso vai mostrando o quanto ele também é carente de afeto. Parece que ele está sempre a procura de alguém que vai salvá-lo, alguém que vai tampar o buraco deixado pela perda da mãe e do irmão e pai, quando casaram.
A imprensa tem um papel fundamental nessas relações de Harry. Ele culpa os paparazzi pela morte da mãe, culpa os tabloides por sua infelicidade e suas decisões. Culpa a família e o palácio por nunca se pronunciar, mas em nenhum momento ele se coloca como uma pessoa protagonista da sua vida e das suas escolhas.
Quando conhece a Meghan, o mundo se torna mais colorido. Entendo o quanto ele quer lutar por esse relacionamento e essa nova família e quais são as implicações dessa nova pessoa dentro da monarquia.
Meghan é uma mulher forte, de opinião e de formação. Ela sabe que tem muito potencial e ela também escolhe Harry. Os dois se escolheram. Há um racha muito grande, principalmente pelo conservadorismo do irmão William e de sua esposa e do próprio pai.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
A saída da casal foi bem conturbada. Acredito que se eles não saíssem, dificilmente se manteriam tão unidos. Mas, a questão da vitimização do Harry me deixou bem incomodada. Aí entra a questão do afeto.
A única coisa que eu senti é que o livro nos traz muitas questões: a interferência familiar nas relações podem até que ponto ajudar ou atrapalhar? O quanto o fato de Harry ser um homem branco e rico pode ter contribuído para que ele fizesse tudo que fez e ainda passasse ileso das suas próprias escolhas e responsabilidades? O quanto o racismo estrutural pode sim acabar com a saúde mental de uma pessoa (no caso da Meghan)?
Acredito que são perguntas e reflexões que ficam dessa leitura. Se você quer conhecer o lado do Harry, manda ver no livro, mas se quer saber um pouco mais sobre a família, leia também o Os Arquivos do Palácio, vai ver que nem tudo gira em torno do umbigo do Prícipe Harry.
*Livro cedido em parceria com a Editora.
Onde Comprar: Companhia das Letras
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