Hoje a resenha é sobre o livro "O mal que nos habita" de Gwen Adshead e Eileen Horne.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Eu recebi esse livro e já fiquei empolgada para ler. A Dra. Gwen é uma psiquiatra e psicoterapeuta forense. Atuou muitos anos nos hospitais de custódia e presídios do Reino Unido e tem uma experiência muito grande atendendo e tentando compreender um pouco do que é a mente humana.
E o que conseguimos ler é um livro voltado para o atendimento, sem julgamento, e a reabilitação de criminosos que cometeram crimes que vão muito além do que conseguimos imaginar. A Dra. Gwen vai descrevendo, em onze casos, o que cada preso ou presa falou e como isso pode reverberar para as suas vidas dentro do presídio ou dos hospitais de custódia.
A gente fala tanto na reabilitação de presos, na reinserção de presos dentro da comunidade, mas quando se pensa em criminosos violentos, não conseguimos nem imaginar essas pessoas de volta a comunidade. E, é isso que as autoras tentam desmistificar, quando elas compartilham a história e a luta diária dessas pessoas de tentar se colocar dentro do próprio hospital ou inseridos novamente na sociedade. O que a gente não imagina é que essas pessoas que cometeram crimes que nos chocam também passam por dores e traumas, o que não justifica a violência, mas acaba contextualizando tudo o que eles narram e vivenciam no dia-a-dia.
Eu confesso que fiquei bem mexida com as narrativas e como a Dra. Gwen lidou com as histórias. A gente acompanha casos de abuso de criança até assassinatos de pais e o quão interessante é o trabalho dela, de fazer com que essa pessoa fale, da suas dores, dos seus traumas, da violência gerada através do ato cometido e como aquilo pode ser transformado.
Gwen tem o cuidado de tratar os pacientes/presos como seres humanos, livres de julgamento e ou tratamento preconceituoso. Está ali para tentar lidar com o sofrimento psíquico e trazer essa pessoa para o que aconteceu, como aconteceu e para o hoje.
Eu gostei bastante da leitura, achei a forma como a autora narra os fatos bem tranquilo, mesmo sendo histórias que podem conter conteúdo violento e ser difícil para quem é mais sensível. Outro fator importante é a reflexão sobre esses criminosos, e o quanto esse trabalho é importante para o paciente atendido.
E se todos tivessem acesso a esse tipo de abordagem, será que diminuiria o número de crimes bárbaros? Está aí uma reflexão que eu me faço e deixo para vocês pensarem também.
Se houver outros livros da Doutora, eu quero muito ler, porque achei muito interessante esse método utilizado. Se você não leu esse lançamento, leia, porque vale muito a pena!
*Livro cedido em parceria com a Editora.
Onde Comprar: Companhia das Letras
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