Hoje a resenha é sobre o livro "Fique comigo" de Ayòbámi Adébáyò.
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Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Eu comecei a ler esse livro por indicação de uma amiga, confesso que no início não estava tão empolgada, mas a medida que vamos conhecendo a história de Yedije, vamos nos envolvendo emocionalmente.
Yedije conhece seu marido, Akin, quando ainda estava na faculdade. Jurou que não aceitaria a poligamia, pois o pai teve muitas esposas e nenhuma a aceitava de fato como filha. Yedije cresce nessa casa sendo só mais uma criança, tendo que dividir o amor de seu pai com os outros filhos e sem uma mãe amorosa para lhe dar colo quando ela mais precisava.
É na família de Akin que ela encontra o apoio que deseja até o dia em que não consegue engravidar. Aí ela conhece o outro lado da família, o que não a apoia, como ela sonhou que seria.
A família tenta resolver esse "problema" de filhos insistindo para que Akin tenha outra esposa, e aí as coisas começam a degringolar para Yedije.
É nessa época também que a Nigéria sofre um golpe de estado e eles se vêem em uma ditatura militar sem muita escolha. A situação fica bem turbulenta, e essa turbulência também se encontra dentro da casa de Yedije, quando ela tenta a todo custa salvar sua família e esse amor matrimonial e é vista como a vilã da história.
Em uma história eletrizante, cheia de informação sobre a política e o contexto social na década de 80 da Nigéria, a gente embarca na história da protagonista, que não é diferente de muitas mulheres até hoje, onde o mais importante dentro de uma relação é um filho, gerado pelo casal. E também a dificuldade em receber amor quando você não é de uma família de renome e o quanto a família pode atrapalhar uma relação, se intrometendo nessa relação e ao mesmo tempo, conseguimos ver dentro dessa história o quanto uma mulher sem filhos, é uma mulher sem valor.
A interferência da família perpassa por todos os desejos e conversas do casal. É uma simbiose muito grande essa relação de mãe e filho, e Yedije, fica surfando nessa onda, com medo de levar um grande caldo. Ao mesmo tempo que percebemos que a última palavra é sempre dela, entendemos que dentro da cultura ela não tem muito voz ativa, ficando a cargo do marido esse controle.
A relação da Yedije e de Akin era muito boa, mas ele tinha muitos segredos e nenhuma relação é baseada em mentiras. A medida que a história é contada a gente vai sentindo na pele o sofrimento da protagonista e o tanto de coisa que ela abdica pelo amor aos seus, é doído de ler o que Yedije sente ao descobrir tantas coisas e ao mesmo tempo entender que ela fez escolhas que mudou o percurso de sua vida para sempre. Eu fiquei com o coração na mão.
Eu amei demais essa história, fiquei dias pensando na história e o fim que foi surpreendente. A escrita da autora é fluida, narrando os fatos que acontecem no presente e passado. Eu li super rápido.
E você, já conhece essa história? Está esperando o que para conhecer?
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Título: Fique comigo
Autor: Ayòbámi Adébáyò
Editora: HarperCollins Brasil
Páginas: 220
Sinopse: Finalista do Baileys Women's Prize for Fiction, este romance de estreia inesquecível ambientado na Nigéria dá voz a marido e esposa enquanto eles contam a história de seu casamento — e as forças que ameaçam destruí-lo.
Yejide e Akin se apaixonaram na faculdade e logo se casaram. Apesar de muitos terem esperado que Akin tivesse várias esposas, ele e Yejide sempre concordaram que o marido não seria poligâmico. Porém, após quatro anos de casamento — e de se consultar com médicos especialistas em fertilidade e curandeiros, tomar chás estranhos e buscar outras curas improváveis —, Yejide não consegue engravidar. Ela está certa de que ainda há tempo, mas então a família do marido aparece na sua casa com uma jovem moça que eles apresentam como a segunda esposa de Akin. Furiosa, chocada e lívida de ciúmes, Yejide sabe que o único modo de salvar seu casamento é engravidar. O que, enfim, ela consegue — mas a um custo muito maior do que poderia ter imaginado.
Um romance eletrizante e de enorme poder emocional, Fique comigo não apenas debate as questões familiares da sociedade nigeriana, como também demostra com realismo as mazelas e as dificuldades políticas enfrentadas pela população desse país nos anos 1980. No entanto, acima de tudo, o livro faz a pergunta: o quanto estamos dispostos a sacrificar em nome da nossa família?