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9 de maio de 2025

{Resenha} Tudo é Rio

Hoje a resenha é sobre o livro "Tudo é rio" da Carla Madeira. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Esse ó primeiro livro que leio da autora e confesso que me surpreendeu bastante a maneira como eu me envolvi com os personagens e a narrativa. 

A história gira em torno de três personagens principais: Lucy, Venâncio e Dalva. 

O início é marcado pela trajetória de Venâncio e Dalva, um amor avassalador e genuíno que é marcado por algumas brigas do casal que é causado pelo ciúme doentio de Venâncio e uma tragédia que acaba ligando a vida deles ao de Lucy. 

Lucy é uma menina que cresceu com muito amor, mas ao perder os pais pequena se viu a mercê dos cuidados da família, um tio e uma tia postiça que ofertavam tudo, conforto, comida, estudo, ensinamento para se virar na vida, mas não davam o mais importante: afeto. Lucy cresceu com uma magoa muito grande e se tornou um ícone na vida adulta, conhecida por todos e desejada por todos. É a prostituta mais debochada e querida por todos os homens da cidade, menos por Venâncio, que virou a sua obsessão. 

E a partir daí, vamos acompanhando o desenrolar desse trio triângulo amoroso. 

A escrita da Carla é sensível e muito poética. Confesso que fazia tempo que não lia um romance nacional com uma autora que consegue interligar a dor e o amor em uma mesma frase, sem ficar repetitivo ou cansativo. O livro é pura poesia e olha que eu não gosto muito desse gênero, mas ficamos tão envolvidos na história de amor, ódio, rancor, mágoas e traumas desses três, que nos perdemos nas palavras de Carla. 

O que me chocou mais foi a insegurança e o ciúme de Venâncio, que é justificada, mas nem tanto, pela forma como o pai o tratava. Porém, me peguei refletindo ao longo da leitura, quantos Venâncios conhecemos todos os dias, nos envolvemos, nos apaixonamos. Será que seríamos capazes de perdoar a maneira como ele tratava todas as mulheres ao seu redor? Não sei. Isso me pegou real. 

O livro e a história nos remete muito ao Brasil, o nosso povo, a maneira como lidamos com os julgamentos, os preconceitos, o amor e a cobiça.

As duas mulheres principais são fortes, cada uma à sua maneira. Lucy até tenta criar uma rivalidade com Dalva, mas a segunda está imersa em seu próprio sofrimento que nem percebe. 

Eu adorei o livro e essa leitura. Amei a forma como me envolvi com a escrita e os personagens do livro. A metáfora que envolve o Rio, no título, nos faz perceber que tudo é rio mesmo, seja calmo ou revolto, sempre fluindo. 

Espero que todos consigam ler. Então, estão esperando o que?

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Título: Tudo é rio
AutorCarla Madeira
Editora: Record
Páginas: 210

SinopseCom uma narrativa madura, precisa e ao mesmo tempo delicada e poética, o romance narra a história do casal Dalva e Venâncio, que tem a vida transformada após uma perda trágica, resultado do ciúme doentio do marido, e de Lucy, a prostituta mais depravada e cobiçada da cidade, que entra no caminho deles, formando um triângulo amoroso.
Na orelha do livro, Martha Medeiros escreve: ''Tudo é rio é uma obra-prima, e não há exagero no que afirmo. É daqueles livros que, ao ser terminado, dá vontade de começar de novo, no mesmo instante, desta vez para se demorar em cada linha, saborear cada frase, deixar-se abraçar pela poesia da prosa. Na primeira leitura, essa entrega mais lenta é quase impossível, pois a correnteza dos acontecimentos nos leva até a última página sem nos dar chance para respirar. É preciso manter-se à tona ou a gente se afoga.''
A metáfora do rio se revela por meio da narrativa que flui - ora intensa, ora mais branda - de forma ininterrupta, mas também por meio do suor, da saliva, do sangue, das lágrimas, do sêmen, e Carla faz isso sem ser apelativa, sem sentimentalismo barato, com a habilidade que só os melhores escritores possuem.


20 de fevereiro de 2025

{Resenha} Mentes que amam demais

Hoje a resenha é sobre o livro "Mentes que amam demais: o jeito Borderline de ser" de Ana Beatriz Barbosa Silva. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu li esse livro por indicação de uma amiga. Já tinha lido um outro livro muito famoso da Dra. Ana, "Mentes Perigosas", e amei a forma como ela explica a doença/transtorno. Apesar de ser um tema bem difícil e complexo, A Dra. consegue deixar de uma forma leve a leitura. 

E para quem ainda não conhece nada sobre o Transtorno de Personalidade Borderline, pode começar por esse livro. As vezes, você está se relacionando ou se relacionou com uma pessoa impulsiva, que faz de tudo para ficar junto, que não aceita o fim, que ameaça se matar se você simplesmente querer ir embora dessa relação, entre tantas outras características. A autora vai esmiuçando esse transtorno que para muitas pessoas que convivem ou que conhecem alguém que tem, pode ser bem doloroso. 

Eu confesso que fiquei bem pensativa ao terminar a leitura. É uma leitura fluida, você consegue ler rápido, mas ao mesmo tempo é uma leitura para você analisar e, ao mesmo tempo entender as alterações de personalidades. E ainda mais sabendo que o transtorno não tem cura, mas que pode ser controlado através de tratamento medicamentoso e terapia. 

E por falar em terapia, se fosse acessível a todos, o mundo estaria menos adoecido. Mas, isso não é um tema para abordarmos nesse momento. 

O que eu posso falar é que a Dra. Ana nos traz fatos e estudos que nos fazem questionar se até nós mesmos não temos algum transtorno de personalidade. E, de um modo geral, o livro vai tirar dúvidas e dar exemplos bem claros até de como lidar com pessoas com o transtorno. Você pode estar morando com uma pessoa Borderline e não ter ideia. 

Eu fiquei bem impactada com a leitura e a indico de olhos fechados. Inclusive, fiquei com muita curiosidade para ler os outros livros da Dra. Ana. Agora, se você não leu nenhum, vem ler, porque você não vai se arrepender e aproveita e vem me falar o que achou depois. 

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Título: Mentes que amam demais: o jeito Borderline de ser
Autor: Ana Beatriz Barbosa Silva
Editora: Principium
Páginas: 240

SinopseTodos podemos sofrer uma explosão momentânea de raiva, tristeza, teimosia, instabilidade, teimosia, instabilidade de humor, ciúmes intensos, desespero, descontrole emocional, medo da rejeição. Mas quando comportamentos como esses se tornam frequentes, intensos e persistentes, acabam por dificultar a adaptação do indivíduo ao seu ambiente social e familiar.


Nesses casos, podemos estar diante de um quadro bastante complexo, instável e desorganizado, denominado Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). Os borderlines apresentam tal hiperatividade emocional e afetiva que suas vidas parecem uma infinita montanha-russa sobre a qual não têm qualquer controle racional. Borderline é um termo em inglês que significa fronteira ou margem e denomina o comportamento disfuncional de pessoas que vivem no limite de suas emoções.

Segundo dados da Associação Americana de Psiquiatria (APA) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), dez em cada cem pacientes ambulatoriais que buscam tratamento psicológico e psiquiátrico para algum sintoma disfuncional possuem Transtorno de Personalidade Borderline.

Em linguagem acessível, a Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva apresenta as principais características e disfuncionalidades do transtorno borderline. Propõe, ainda, novas alternativas para que essas pessoas lidem melhor com suas relações afetivas e mostra, por meio de exemplos claros e verídicos, o que esse tipo de funcionamento mental pode causar à vida de uma pessoa, com repercussões na sua vida pessoal e profissional.

25 de dezembro de 2024

{Resenha} O pior dos crimes

Hoje a resenha é sobre o livro "O pior dos crimes: A história do assassinato de Isabella Nardoni" de Rogério Pagnan.

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu estava com esse livro na estante parado há muito tempo. Apesar de ver a série e ler outros livros sobre o tema, essa é uma história que não tem como a gente não se compadecer. 

O Rogério é um jornalista, que fez a cobertura a fundo de tudo o que aconteceu naquele fatídico dia que uma criança apareceu caída no jardim do prédio, na zona norte de São Paulo. 

Ao decorrer da leitura, podemos perceber que o autor traça um paralelo da investigação que está sendo feita pela polícia e pela sua própria investigação. Foram anos dedicados na investigação, entrevista de pessoas que estavam ligados diretamente a denúncia. 

Eu fiquei meio passada com as descobertas da investigação e o quanto a gente coloca em xeque o que foi apresentado pelos procuradores e pela justiça. 

E ao acompanhar toda a investigação, ficamos repensando muitas coisas, até mesmo que os Nardoni poderiam não ter feito aquilo, não serem culpados de fato. A ideia de julgamento, primeiro pelo público e pela imprensa, fica muito claro nas páginas do livro. Eu sei que se fosse hoje, teríamos outras provas para analisar, afinal, estamos falando do ano de 2008.

Rogério inclusive faz um paralelo de vida do Alexandre e da Ana Carolina, como se conheceram e resolveram ficar juntos, o nascimento dos filhos. A relação das famílias com os genitores. A relação da ex, também Ana Carolina, com o Alexandre e a madrasta. Isso tudo é narrado, antes de entrar de fato no dia do crime e no que foi revelado ao longo de todo o processo criminal. 

Eu até achei meio tendencioso ao final da leitura, como se a todo momento o autor quisesse achar outros culpados ou que a justiça tinha sido injusta nesse caso. E apesar de tudo que foi colocado, apesar de ser uma história que envolva uma criança e que os culpados nunca confessaram, fica difícil acreditar que eles não estão envolvidos. 

Eu acredito que todos tenham que ler para chegar as suas próprias conclusões. Eu li e gostei. E acredito que no fim, o Rogério estava fazendo seu trabalho enquanto jornalista, tentou ser parcial e mostrar o outro lado, por isso vale a leitura. 

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Título: O pior dos crimes: A história do assassinato de Isabella Nardoni
Autor: Rogério Pagnan
Editora: Record
Páginas: 336

SinopseA história completa do assassinato que chocou o Brasil Construído em ritmo de thriller, O pior dos crimes esmiúça o trágico caso que conseguiu estarrecer a opinião pública de um país rotineiramente violento. Em 29 de março de 2008, Isabella, de 5 anos, foi atirada ainda com vida pela janela do sexto andar do apartamento do pai, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá, na zona norte da capital paulista, e morreu pouco depois de chegar ao hospital. O que se seguiu foi uma investigação e um processo repletos de pistas mal perseguidas, depoimentos de suspeitos com “pegadinhas”, uso de informações falsas, pressões indevidas para a obtenção de confissões, perícias criminais deficientes e um Ministério Público empolgado com os holofotes. Se o caso Nardoni representou ou não um erro judicial, se houve elementos suficientes para uma condenação “acima de qualquer dúvida razoável”, o leitor será capaz de dizer a partir da leitura deste instigante livro-reportagem.

"Este livro, construído em ritmo de thriller, merece ser lido por todos que se interessam por investigação policial, sistema judicial, crime e castigo. Um dos mais importantes repórteres policiais de sua geração, Rogério Pagnan não se contentou em detalhar o trágico caso que, por inúmeras características, conseguiu estarrecer a opinião pública de um país rotineiramente violento. O autor foi além, enfrentando questões urgentes e ainda pouco debatidas no Brasil a respeito da natureza e dos limites de um processo judicial, o que torna esta obra, desde já, imprescindível no campo do Direito. Aqui estão expostos os vícios que alimentam uma engrenagem burocrática investigatória abaixo das necessidades de um país com seus 60 mil homicídios ao ano: pistas mal perseguidas, depoimentos de suspeitos com “pegadinhas”, uso de informações falsas, pressões indevidas para a obtenção de confissões, perícias criminais deficientes, um Ministério Público empolgado com os holofotes, dúvidas transformadas em certezas. Embora, vale dizer, não sejam características restritas ao Brasil, são ingredientes de uma receita destinada a produzir processos frágeis e cheios de dúvidas. Mas, se o caso Nardoni de fato representou ou não um erro judicial, se houve elementos suficientes para uma condenação “acima de qualquer dúvida razoável”, como se espera no desfecho de qualquer acusação, o leitor poderá dizer a partir da leitura deste instigante livro-reportagem. Pagnan demonstra o que sempre se espera dos grandes repórteres em quaisquer circunstâncias: cético sem ser cínico, afirmativo sem ser leviano, ágil sem ser superficial. Sua exaustiva pesquisa sobre detalhes do processo, contrapondo argumentos da acusação e da defesa, produziu uma peça da mais alta qualidade e mais alto interesse jornalísticos. Obra que deveria servir de reflexão para todos que, de uma forma ou de outra, no curso de suas vidas profissionais, como policiais, promotores, juízes e jornalistas, acabam tendo que lidar com episódios dramáticos como a morte brutal da menina Isabella Nardoni." (Rubens Valente, jornalista)

1 de setembro de 2024

{Resenha} A Prateleira do Amor: Sobre Mulheres, Homens e Relações

Hoje a resenha é sobre o livro "A prateleira do amor: sobre mulheres, homens e relações" de Valeska Zanello. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu ouvi falar sobre esse livro no podcast Bom dia, Obvious, com a Marcela Ceribelli. Foi um episódio em que a própria Valeska participa e ela coloca a questão da prateleira do amor e como moldamos as nossas relações. 

Aquele podcast me instigou a ler o livro. E não tem como não se questionar, na atual conjuntura, sobre o tipo de relação que estamos procurando e como somos vistas pelas pessoas com quem nos relacionamos. 

Valeska coloca de uma forma bem didática como funciona a prateleira do amor, a medida que mulheres jovens, brancas e padrões, vão se tornando a escolha mais rápida dos homens e o quanto as mulheres negras, gordas e mais velhas se tornam a última escolha na prateleira. 

Pensar em como essas relações são moldadas, nos faz refletir como essas relações se tornaram mais superficiais e menos interessantes. Hoje para você se relacionar com alguém tem que conhecer e esperar para que o que a pessoa diga seja verdadeira e que goste de você pelo que você é e não pelo que tem ou pode oferecer. 

Essas relações estão cada vez mais díficeis, visto que a mulher ainda almeja ser escolhida, ser aquela que vai sair com alguém ao final da balada e permanecer ali, enquanto que para o homem, isso não precisa acontecer, ele é visto como garanhão e se de alguma forma, se vê apaixonado, sofre a ridicularização dos seus pares. 

O livro faz a gente pensar muito sobre as nossas relações e o que buscamos na verdade. A imposição da sociedade sobre o papel da mulher em uma relação e do homem, o porquê da gente querer cuidar e agradar, para prender aquela relação, mesmo não sendo a melhor para nós.  

Eu gostei bastante da leitura e com certeza vou procurar os outros livros da autora. Eu consegui me vê em muitos momentos no livro e isso de alguma forma, me deixou bem pensativa. 

E você já leu alguma obra da autora? Vem ler esse que vale muito a pena. 

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Título: A prateleira do amor: sobre mulheres, homens e relações 
Autor: Valeska Zanello
Editora: Appis
Páginas: 144

SinopsePor que a queixa na esfera amorosa é uma constante na vida das mulheres, mesmo entre aquelas que estão solteiras? Por que a “beleza” é ressentida como um capital tão importante? E por que é tão comum mulheres “adotarem” seus parceiros, cuidando deles, por eles e para eles? E quanto aos homens: por que não apenas evitam a experiência amorosa, como também são ridicularizados quando se apaixonam? Por que o trabalho ocupa um lugar tão central em suas vidas, assim como a sexualidade ativa, marcada sobretudo pela ideia de quantidade (“quantas comeu?”)?. Para explicar essas questões, relacionadas às hierarquias de gênero, Valeska Zanello propõe a metáfora da prateleira do amor. A imagem da prateleira explicita a profunda diferença qualitativa e de investimento que o amor romântico tem para mulheres e homens. Para elas, trata-se de algo identitário, motivo pelo qual persistem mesmo em relações abusivas. Para eles, trata-se de fonte inesgotável de lucro afetivo.

30 de junho de 2024

{Resenha} Aurora: O despertar da mulher exausta

Hoje a resenha é sobre o livro "Aurora: o despertar da mulher exausta" de Marcela Ceribelli. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

E desde que eu comecei a ouvir o Podcast "Bom dia, Obvious" com a própria Marcela, fiquei muito curiosa em ler o seu livro. Ela sempre comentava no podcast e assim tive que investir nessa leitura. 

O livro aborda diversos temas com os quais nos deparamos no dia-a-dia e ainda assim a gente dá pouco valor. A autora vai intercalando questões com as quais passou e convidadas que abordam temas relacionado a busca por um ideal de relacionamento, ansiedades, mundo coorporativo e tantos outros temas que muitas vezes nos tiram o sono e nos deixam inquietas. 

Alguns pontos do livro me chamaram a atenção, como o fato de estarmos exaustas, sim a exaustão chegou para nós mulheres que somos auto suficientes e supostamente temos que dar conta de tudo. Está aí uma grande mentira. Não temos e não precisamos nos sentir obrigadas a dar conta de tudo, porque não somos mulheres maravilhas, como a sociedade gosta de nos pintar. A Marcela conta que já passou por um processo de bornout, por estar trabalhando incessantemente e ainda assim ter que dar conta da casa e do relacionamento.

Outro ponto importante que ela aborda e eu até comprei o livro da autora, é a questão da busca que temos por relacionamento e o quanto esperamos ser escolhidas. Valeska Zanello é pesquisadora da área de Saúde mental e gênero da Universidade de Brasília e ela nos apresenta a Prateleira do Amor. Muitas de nós reclamamos que depois de uma certa idade, ficou mais difícil conhecer pessoas disponíveis e dispostas e em festas, você acaba se deparando com mulheres jovens com homens da sua idade, isso nada mais é do que o padrão de escolha dentro de relacionamentos heteronormativos. 

No livro a Marcela relata que a luta pela sobrevivência social e pelo encontro de afeto faz com que muitas mulheres se sintam obrigadas a representar um papel de "boa", pois não basta você ser escolhida, você precisa manter esse relacionamento. 

Essa questão é tão interessante que me vi pesquisando sobre isso e ao andar no meu círculo social comecei a prestar atenção nas mulheres que estão solteiras e os homens que estão dentro de relacionamento. Dentro da era digital, se você for sincera, se cuidar e inteligente, mas ao mesmo tempo com mais 35 anos, a dificuldade em conhecer alguém será bem maior, se não for uma mulher padrão, branca e novinha. Esse é o topo da prateleira. E vale muito a pena ler também o livro da Valeska. 

Além disso, a Marcela envolve outros temas, e eu amei a leitura. Acredito que refletir sobre esses pontos nos faz analisar a forma como queremos ser tratadas e com quem queremos andar. E assim, caminha a humanidade. 

Se você não leu o livro da Marcela, vai ler! Acredito que não irá se arrepender.  

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Título: Aurora: o despertar da mulher exausta
Autor: Marcela Ceribelli
Editora: Harper Collins
Páginas: 288

SinopseEntre paranoias, medos, desejos e ânsias do dia a dia, a criadora da comunidade Obvious, Marcela Ceribelli, convida mulheres a se libertarem de amarras sociais e refletirem sobre tudo aquilo que as impede de encontrarem sua melhor versão e serem felizes. Acordar preocupada com as tarefas do dia. Otimizar a ida ao trabalho ouvindo notícias ou respondendo e-mails. Almoçar correndo pra ganhar tempo. E tudo isso sendo linda, bem-sucedida e gentil. Sorridente. Pra quem mesmo? Da criadora da Obvious, comunidade com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, e do podcast Bom dia, Obvious, Aurora é um convite a todas as mulheres que estão exaustas das demandas que elas mesmas e a sociedade fazem sobre suas carreiras, seus relacionamentos, seus corpos, suas personalidades. Com o humor inteligente que lhe é peculiar e muita empatia, Marcela Ceribelli intercala relatos de experiências pessoais com estudos científicos e comentários de especialistas das mais diversas áreas (como psicologia, moda, saúde e artes), investigando as origens das expectativas que recaem sobre as mulheres e apontando caminhos para um despertar mais amoroso. O que você pode fazer pela sua felicidade hoje?

10 de março de 2024

{Resenha} Quarto de Despejo: Diário de uma favelada

Hoje a resenha é sobre o livro "Quarto de Despejo: Diário de uma favelada" de Carolina Maria de Jesus.

Foto retirada de Arquivo Pessoal 

Esse é um livro que eu estava para ler faz um tempo e já aproveitei o início do ano para o favor. Carolina escreve de maneira temporal, vai pontuando as datas de acordo com o que acontece. 

O livro se inicia com a dificuldade de se conseguir achar comida, ela é catadora de papel e muitas vezes tem que parar pois está com fome. A data é o aniversário da filha Vera e a dificuldade em comprar um par de sapatos para a menina. Carolina reclama das situações em que passa junto com os filhos, reclama da favela e das dificuldade enfrentadas, reclama da fome que maltrata e dos vizinhos fofoqueiros. São tempos difíceis para os mais pobres. 

Na favela do Canindé muitos chegam e vão embora. Carolina vê a oportunidade quando um jornalista lê seu diário e fala para ela que é possível se conseguir dinheiro com o que está escrito. Mãe de três filhos, tenta a todo custo manter o sustento e a educação das crianças, mesmo com todas as barreiras sociais. 

Quarto de despejo é um livro que te leva a reflexão. Ao escrever todos os dias sobre o dia-a-dia, a autora nos leva de volta a esse tempo, em uma cidade de São Paulo com muitos migrantes e acesso difícil, as favelas foram crescendo e se expandindo dentro da cidade. 

A escrita da Carolina é singela e bem fluida, o que eu gostei e acredito que foi um fato bem assertivo, foi a edição deixar os erros ortográficos da autora, isso nos leva mais pertinho do que foi a autora e de como ela pensava. Ainda sim, a Carolina sempre falava pros vizinhos que preferia ler a cuidar da vida das pessoas e ela o fez de uma forma genuína. 

Poder vislumbrar um pouquinho de toda a sua angústia e sofrimento para tentar dar um futuro melhor aos seus filhos, me deixa bem reflexiva. A autora também fala das promessas dos governantes e de como tudo era dito para angariar votos. 

Eu gostei bastante da leitura e com certeza a indicarei, porque é um livro que traz uma reflexão até os dias de hoje. A força e a garra da autora faz com que pensamos sobre o acesso da população a leitura ou até mesmo a educação. A autora sabia ler, mas quando falava para seus vizinhos, todos ficavam chocados, o que naquela época a gente até entende, mas sabemos que ainda hoje existem muitas pessoas que não tem acesso a leitura, não sabem ler e escrever e isso é bem triste. E essa, com certeza, deveria ser uma leitura obrigatória. 

Então, se vocês não leram esse livro, leiam! E venham me falar o que acharam.

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Título: Quarto de Despejo: diário de uma favelada
Autor: Carolina Maria de Jesus
Editora: Ática
Páginas: 200

Sinopse: Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos.Ao ler este relato-verdadeiro best-seller no Brasil e no exterior- você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem amanhã. E vai perceber que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu sua atualidade.


24 de setembro de 2023

{Resenha} Prisioneiras

 Hoje a resenha é sobre o livro "Prisioneiras" de Drauzio Varella. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Esse é o terceiro livro da série sobre o sistema penitenciário brasileiro e confesso que já me senti órfã. O Drauzio escreve de uma forma tão clara e fluida, que quando você termina a leitura, se sente sozinha e desamparada rs.

Nesse livro, vamos conhecer a história de algumas mulheres que se embrenharam no mundo do crime, sejam elas jovens ou senhoras, fazendo parte do tráfico ou apenas servindo de ponte para o companheiro que também estava em alguma penitenciária do Estado. 

Ler esse livro, me fez ter muitas reflexões, até mesmo sobre o nosso sistema penitenciário e a forma como as pessoas são presas e simplesmente trancafiadas, sem perspectivas de sair do local na qual estão, abandonando suas famílias, filhos e até mesmo namorado ou marido, que consequentemente também estão presos. 

O que mais chama a minha atenção e até a do Dr., é o fato de a maioria das mulheres já serem multíparas com menos de trinta anos. 

Outra informação interessante e muito revoltante é que como a maioria ali está presa porque ajudou o companheiro, seja levando drogas nas visitas íntimas, seja participando de assalto ou até mesmo do tráfico. Esse mesmos companheiros, que se diziam tão apaixonados, acabam abandonando suas mulheres quando elas mais precisam e muitas ainda perdem o contato com a família e os filhos, fazendo com que passem os anos extremamente sozinhas. 

A leitura é um tapa na cara de muita gente, não tem como não questionar como é hoje o sistema penitenciário brasileiro. O Dr. Drauzio crítica muito e não temos como não pensar sobre isso. E, muitos são presos e ficam anos nas detenções sem ao menos ter um julgamento mínimo, não se há investimento na ressocialização e essas pessoas saem das prisões, mesmo que tenham cumprido suas penas, saem sem perspectivas ou qualquer ajuda do governo, fazendo com que voltem para o crime. 

Isso é algo que precisa ser revisto e analisado. Eu só posso dizer que adorei a leitura dessa trilogia. Foi muito importante para entender melhor como é dentro do sistema penitenciário e o quanto isso impacta no país. 

Então, vocês estão esperando o que para ler essa belezura?

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Título: Prisioneiras
Autor:  Drauzio Varella
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 296

Sinopse: Na sequência de Estação Carandiru e Carcereiros, o último volume da aclamada trilogia de Drauzio Varella sobre o sistema carcerário brasileiro. O trabalho de Drauzio Varella como médico voluntário em penitenciárias começou em 1989, na extinta Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Os anos de clínica e as histórias dos presos, dos funcionários e da própria cadeia seriam retratados nos aclamados livros Estação Carandiru (1999) e Carcereiros (2014). Em 2017, Drauzio encerra sua trilogia literária sobre o sistema carcerário brasileiro com Prisioneiras. Alçando as mulheres encarceradas a protagonistas, o médico rememora os últimos onze anos de atendimento na Penitenciária Feminina da Capital, que abriga mais de duas mil detentas. São histórias de mulheres que não raro entram para o crime por conta de seus parceiros - inclusive tentando levar drogas aos companheiros nas penitenciárias masculinas em dias de visita -, porém que são esquecidas quando estão atrás das grades. As famílias conseguem tolerar um encarcerado, mas não uma mãe, irmã, filha ou esposa na cadeia. No ambiente carcerário feminino, há elementos comuns às penitenciárias masculinas. Assim como no Carandiru, um código de leis não escrito rege as prisioneiras; o Primeiro Comando da Capital (PCC) está presente e mostra sua força através das mulheres que integram a facção; e a relação entre aquelas que habitam as cadeias não é menos complexa. As casas de detenção femininas, no entanto, guardam suas particularidades -- diferenças às quais o médico paulistano dedica atenção especial em sua narrativa. Desde a dinâmica dos atendimentos e a escassez de visitas até os relacionamentos entre as presas, fica nítido que a realidade das prisões escapa ao imaginário de quem vive fora delas. Prisioneiras é um relato franco, sem julgamentos morais, que não perde o senso crítico em relação às mazelas da sociedade brasileira. Nesse encerramento de ciclo, Drauzio Varella reafirma seu talento de escritor do cotidiano, retratando sua experiência e a vida dessas mulheres com a mesma disposição, coragem e sensibilidade que empreendeu ao iniciar seu trabalho nas prisões há quase três décadas.





8 de agosto de 2023

{Resenha} Feliz ano velho

 Hoje a resenha é sobre o livro "Feliz ano velho" de Marcelo Rubens Paiva. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu estava ansiosa para ler esse livro, porque como vocês sabem, não leio sinopse, então não tinha noção do que se tratava. 

Marcelo veio contar sua história com essa edição de 40 anos comemorativa. E ao ler, confesso que me surpreendi, não sei se tão positivamente, mas vocês já saberão ao longo dessa resenha. 

O autor sofreu um acidente, ao mergulhar em um lago de cabeça, ele se vê sem os movimentos das pernas e braços, os amigos ainda tentam o levantar, mas sem sucesso. Marcelo é levado ao hospital e só sai depois de longos meses, sentado em uma cadeira de rodas. 

Marcelo tinha apenas vinte anos quando se aventurou naquele lago, fazia faculdade de Engenharia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tinha muitos amigos, morava em uma republica, namorava e atualmente estava se aventurando na música. 

Ao saber que não iria mais andar e nem pegar objetos ou até mesmo tocar seu violão, não deixou que a tristeza o abalasse. Ficou um tempo tentando entender o que tinha acontecido e depois disso tentou ressignificar o acidente e o modo como levaria a vida, agora em uma cadeira de rodas. 

Algumas considerações desse livro devem ser observadas e eu não consegui deixar de me incomodar. Marcelo era aquele típico jovem de classe média alta. Gostava de sair e aproveitar a vida e infelizmente a vida lhe deu uma rasteira. Isso fez com que ele colocasse a mão na consciência e tomasse outro rumo. 

O que aconteceu com o Marcelo, poderia acontecer com qualquer um de nós, mas lá em 1970 as coisas não eram como hoje e a medicina não tinha evoluído tanto. Ao ir lendo o relato do Marcelo, comecei a achá-lo bem mimado e birrento. O jeito como ele tratava os profissionais que o ajudavam não me agradou, a forma como ele sexualiza as cenas também não, mas entendo também era um momento de muito estresse, ter que lidar com a sua nova condição. E também temos que levar em consideração que era outra época. Uma época em que tudo era permissivo e permitido para quem tinha dinheiro (o que não mudou muito hoje em dia).

A vida de uma pessoa com deficiência não é fácil, e o Marcelo vem de uma forma bem delicada trazer esse relato. O fato de depender das pessoas para tudo, como se vestir, a reabilitação como uma parte importante da vida também é bem válido de ler. Ainda mais eu, sendo fisioterapeuta, traz um relato importante do quanto ele evolui com a fisioterapia, a terapia ocupacional e a equipe de enfermagem que o auxiliava em tempo integral. 

Apesar das considerações, achei a leitura muito válida. O livro, por ser uma edição comemorativa, traz fotos de jornais e entrevistas que o próprio Marcelo deu na época. Eu ganhei há um tempo um livro dele, mas ainda não tinha tido a oportunidade de ler, e agora fiquei bem curiosa para saber se irei gostar da leitura, mas isso eu trago para vocês mais pra frente. 

Por ora, só quero dizer que é um livro que vai mexer com você de muitas maneiras, pode ser com sentimento de raiva ou compaixão, então, se tiverem a oportunidade, leiam! Vale a pena. 

*Livro cedido em parceria com a Editora. 

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Título: Feliz ano velho
Autor:  Marcelo Rubens Paiva
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 312

Sinopse: Um clássico da não ficção brasileira lançado em 1982, Feliz ano velho marca a estreia de Marcelo Rubens Paiva na literatura e desde então vem conquistando gerações de leitores com sua prosa tocante e ao mesmo tempo irreverente. Essa edição comemorativa de 40 anos inclui caderno de fotos e apresentação de Maria Ribeiro.
O romance autobiográfico sobre o acidente que colocou Marcelo Rubens Paiva em uma cadeira de rodas quando tinha vinte anos se tornou, rapidamente, sucesso de público e crítica – liderou por quatro anos a lista dos mais vendidos; ganhou versões, entre outros idiomas, em inglês, espanhol e tcheco; foi adaptado para o teatro e para o cinema; conquistou prêmios como o Jabuti; se tornou tema de inúmeros trabalhos e pesquisas nas universidades país afora. Porém, o que se revela mais importante é como até hoje não para de conquistar uma legião de leitores.
Longe de ser o simples testemunho de uma experiência dolorosa, Feliz ano velho é o retrato geracional de uma juventude que, no final dos anos 1970, experimentava a abertura do governo militar e o sonho da redemocratização. O estilo de Marcelo, calcado num humor despretensioso e ao mesmo tempo mordaz, afasta a narrativa de qualquer pendor para o melodrama ou a autopiedade – pelo contrário, esse é um texto de enorme força que, passados quarenta anos, continua atual, vibrante e uma leitura indispensável.

31 de julho de 2023

{Resenha} Solitária

Hoje a resenha é sobre o livro "Solitária" de Eliana Alves Cruz.

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu já me interessei pela leitura desse livro só por ser da Eliana, já tinha lido um outro e tinha gostado demais. 

E nesse livro vamos embarcar na vida de Mabel e Eunice, mãe e filha, que praticamente moram no trabalho e que vão passar por várias fases dentro da casa da família onde Mabel trabalha, que chegarão a conclusão que o mais importante nem sempre é o que está posto na nossa frente. 

Eunice é uma menina que sabe o que não quer, que é fazer o mesmo que a mãe. Vivendo praticamente dentro do trabalho da mãe, a menina se vê em um dilema muito grande, depois de passar por uma fase muito crítica, que terá que se apoiar na força e no amor que tem por sua mãe. 

Mabel é uma mulher negra que não sabe fazer outra coisa que servir, e esse servir quer dizer tantas coisas. Aprendeu desde cedo que trabalhar edifica o homem, mas ninguém ensinou que ser "quase da família" não significa muita coisa, quando vidas de pessoas brancas estão em jogo. 

Além desse relação com os patrões, vamos acompanhando também a vida de Mabel e de todas as violências que ela vivência e/ou vivenciou na sua vida. E o que ela tenta não repetir com a filha, apesar de ser difícil quebrar a corrente, as duas vão construindo um caminho diferente daquilo que seria imposto pela sociedade. E a maneira como isso vai se desenhando é lindo de ler. 

A autora vai narrando os fatos dessas duas mulheres negras de uma forma tão sensível e envolvente que não tem como você não ter uma análise crítica e consciência de classe. A forma como o trabalho doméstico ainda é visto e colocado no nosso país em pleno século XXI diz muito sobre o racismo  estrutural. 

Além disso, a Eliana, de uma forma sábia, aborda temas sensíveis que irão fazer com que entendamos também sobre o acesso das pessoas a saúde, cultura, religião e tantas outras coisas que achamos que é besteira ou puramente mimimi. 

A Eliana já tinha me ganhado com o livro "Nada digo de ti, que em ti não veja" e com esse o amor só se tornou mais profundo. 

A leitura é fluida e simplesmente te prende do início ao fim. Eu indico muito essa leitura. Acredito que a vida seria mais fácil se a gente tivesse um pouco da coragem da Eunice e da força da Mabel. Venham ler esse livro e me falem se eu não estou certa em ter amado demais essa leitura. 

*Audiobook cedido em parceria com a Editora. 

Onde ComprarCompanhia das Letras

Título: Solitária
Autor:  Eliana Alves Cruz
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 168 

Sinopse: "Mãe, a senhora precisa se libertar destas pessoas. A senhora não deve nada pra elas. Não tenha medo de encarar esse povo que nunca limpou a própria privada."

Solitária conta a história de duas mulheres negras, Mabel e Eunice, mãe e filha, que moram no trabalho, um condomínio de luxo desses encontrados em qualquer grande cidade brasileira. Eunice, a mãe, é testemunha-chave de um crime chocante ocorrido na casa dos patrões. Mabel, a filha, constrói o caminho que leva não apenas à elucidação deste crime, mas a uma mudança radical na vida das pessoas que cercam as protagonistas.

Em prosa ágil, intensa e assertiva, Eliana Alves Cruz constrói uma miríade de histórias que revolve o imaginário do trabalho doméstico no Brasil -- ainda tão vinculado à época escravocrata -- e o relaciona a questões contemporâneas urgentes como a pandemia, o debate sobre ações afirmativas e a luta por direitos reprodutivos.

Testemunho de uma crucial mudança de sensibilidade no espírito de nosso tempo, Solitária dá provas do quão urgente se tornou elaborar -- sem meias palavras -- não apenas a história, mas as sobrevidas da escravidão colonial. Ao fazê-lo, mostra como é possível enfrentar o desafio moral e ético de abordar essas experiências de vida sem replicar gratuitamente a violência que a sustenta nem reencenar nenhum pacto oculto de subalternidade. É um romance libertação.

"Eliana narra com a maestria da linguagem de alguém que sabe lidar com as palavras." -- Conceição Evaristo

"Em Solitária, Eliana desponta como uma das mais importantes vozes de nossa literatura contemporânea." -- Itamar Vieira Junior



14 de maio de 2023

{Resenha} Carcereiros

Hoje a resenha é sobre o livro "Carcereiros" de Drauzio Varella. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu li alguns livros do Dr. Drauzio e sempre me encanto com a sua narrativa. Acho que toda a história dele dentro do Carandiru fez com que ele crescesse mais como pessoa e como profissional. 

Ele mesmo traz experiências relacionadas a sua evolução e o seu crescimento, como pessoa, o tornando mais empático as questões relacionada ao outro. E nesse livro não é diferente. Drauzio traz a narrativa dos funcionários que trabalharam e deram a vida pelo Carandiru. 

E foram muitos homens que cresceram e desejavam estar naquela posição de carcereiros. Alguns queriam ser policiais e como não conseguiram passar no concurso, acabaram entrando na Administração Penitenciária. 

O que nos chama mais atenção é que esses homens não recebiam treinamento, não eram auxiliados pelos colegas mais antigos. Já chegavam e tinham que assumir o posto de trabalho. Muitos não sabiam nem o que fazer diante de mais de mil homens cumprindo sua pena. 

As histórias vão nos impactando, a medida que a leitura avança. Alguns são pegos pelo sistema, que não costuma deixar quieto, quem se envolve no crime. Outros não sabem lidar bem quando o Carandiru vem abaixo. 

As condições de trabalho também não ajudam, pois muitas das vezes são condições insalubres, as vezes eles tem que contar consigo mesmos. 

Quando o Carandiru foi demolido, esses trabalhadores foram transferidos para outras penitenciárias, o que os deixou bem infelizes. Quando deram o veredicto de que o Carandiru deveria mesmo não existir mais, os carcereiros junto com o Dr. Drauzio combinaram de se encontrar de tempos em tempos para colocar a conversa em dia e assim manter o laço que criaram nos tempos dos pavilhões. Esses encontros são mantidos até os tempos atuais e faz com que eles mantenham a saúde mental depois de tudo que viveram nos corredores do Carandiru. 

A leitura não necessariamente é fácil, nos leva para um momento de reflexão. São tantas vidas envolvidas e sabemos que o tratamento do Estado aos funcionários públicos não é dos melhores. Esses homens são testados todos os dias, e não recebem se quer um apoio psicológico. Acredito que o fardo e os traumas seriam menores se pelo menos fosse investido nisso, mas sabemos que as condições ainda são muito precárias. Fica aí uma reflexão! 

Se você não leu nenhum livro, leia! Vale tanto a pena. Não tem como não se envolver com as histórias e com a vida de cada trabalhador. Eu só posso dizer que leiam e não percam mais tempo. 

*Audiolivro cedido em parceria com a Editora. 

Onde ComprarCarcereiros

Título: Carcereiros
Autor:  Drauzio Varella
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 232

Sinopse: Depois do best-seller Estação Carandiru, Drauzio Varella volta ao universo das prisões para mostrar ao leitor o outro lado da moeda: o cotidiano dos agentes carcerários. Livro que inspirou a série da Rede Globo.
Em Estação Carandiru, que desde 1999 teve mais de 500 mil exemplares vendidos, Drauzio Varella focou seu corajoso relato na população carcerária de um dos presídios mais violentos do Brasil. Mas os vinte e três anos atuando em presídios brasileiros como médico voluntário também o aproximaram do outro lado da moeda: as centenas de agentes penitenciários que, trabalhando sob condições rigorosas e muitas vezes colocando a vida em risco, administram essa população.
Foi com um grupo desses agentes que Drauzio passou a se reunir depois das longas jornadas de trabalho, em um botequim de frente para o Carandiru. E essa convivência pôs o autor em contato com os relatos narrados em Carcereiros, segundo volume da trilogia iniciada por Estação Carandiru - o terceiro livro, Prisioneiras, terá como ponto de partida o trabalho do médico na Penitenciária Feminina da Capital.
Acompanhamos, assim, uma rebelião pelos olhos de quem tenta contê-la. A descoberta de que um colega está do lado dos bandidos. Um momento de solidariedade, outro de egoísmo. Um ato heroico e outro de covardia. Entramos em contato com o cotidiano dos carcereiros e as situações desconcertantes impostas pelo ofício, que eles resolvem com jogo de cintura e, não raramente, com humor.
O que emerge é um retrato franco de um mundo totalmente desconhecido para quem está de fora, que também inspirou a série homônima exibida pela Rede Globo em 2018. Drauzio fala também de sua própria atividade como médico do sistema penitenciário: das frustrações, dos acertos e, sobretudo, da dificuldade em conciliar uma vida tão imersa nesta realidade com a de médico particular, apresentador de programas de divulgação científica, pesquisador de plantas, escritor e pai de família.
Se há algo de comum a essas vidas - carcereiros, médico, detentos -, é a dimensão humana que nunca escapa aos relatos do autor.

24 de janeiro de 2023

{Resenha} Domador de Palavras

 Hoje a resenha é sobre o livro "Domador de palavras" de Iara Clarice Sabino. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu recebi esse livro da Iara, e confesso que poesia e poema não é muito o meu forte, mas essa leitura me surpreendeu. 

A Iara escreveu um apanhado de poesia entre os anos de dois mil e vinte e vinte um. Estávamos no auge da pandemia e as palavras foram um leque de salvação tanto para a autora quanto para nós, que temos o prazer de compartilhar sua leitura. 

Iara escreve de uma forma clara, que nos faz refletir sobre a vida, os sonhos, a liberdade, as pessoas que estão ao nosso redor. 

Eu gostei bastante da leitura, foi um livro que li super rápido e me tirou da zona de leitura também. As palavras tem um grande poder, podem ser um alivio como também uma aflição. Tem o poder de cura e de sofrimento. Por isso, saber usar as palavras pode nos trazer conforto e acalentar nossos corações, e é isso que a Iara faz com o livro. 

Eu indico a leitura para quem quer sair, assim como eu, da sua zona de conforto e indico para as pessoas que querem um quentinho no coração. 

Então, está esperando o que para conhecer a obra dessa autora nacional e dar aquela moral? Além desse, a Iara tem alguns livros publicados, vem conhecer a obra completa dessa autora também. Vocês não irão se arrepender. 

*Livro cedido em parceria com a Autora. 

Onde ComprarAmazon

Título: Domador de Palavras
Autor:  Iara Clarice Sabino
Editora: Artêra Editorial    
Páginas: 105

SinopseAs palavras podem mudar o destino de uma pessoa. As palavras podem modificar o mundo. E o que define se essa mudança será boa ou ruim é a nossa habilidade em usá-las. As palavras estão por aí, E podem ser encontradas Circulando nas cidades, Em exposição nas vitrines, Penduradas nos varais Das barracas das feiras, Nas escolas, nas igrejas, Paradas nas esquinas. Há milênios, dominamos o fogo, mas até hoje lutamos para dominar as palavras. As palavras estão por aí, e talvez a poesia seja a nossa melhor tentativa de domá-las.



8 de janeiro de 2023

{Resenha} Estação Carandiru

 Hoje a resenha é sobre o livro "Estação Carandiru" de Drauzio Varella. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Esse é um daqueles livros que você espera muito tempo para ler e quando o faz fica se perguntando porque não leu antes. E foi essa sensação que tive, quando terminei essa leitura. 

Dr. Drauzio Varella é médico, oncologista, pesquisador e cientista brasileiro. Se formou na Universidade de São Paulo e começou a trabalhar em hospitais da cidade metropolitana. Drauzio foi um dos pioneiros no estudo da AIDS principalmente do Sarcoma de Kaposi. Em 1989, início um trabalho no presídio do Carandiru investigando a prevalência do vírus HIV nos detentos. Até 2002, ano em que o Carandiru foi desativado, trabalhou como médico voluntário. 

E é como voluntário que o Dr. nos relata as histórias de tantos anos trabalhados no maior presídio do Brasil, com uma média de sete mil presos, sendo divididos por Pavilhões. Só no Pavilhão 9, onde ficavam os réus primários ou que aguardavam o julgamento, tinha uma média de 2700 presos. 

A princípio Drauzio nos explica como são divididos os pavilhões dentro do Carandiru e como os presos eram separados. E a partir disso, Drauzio começa a dar pequenas palestras sobre a disseminação do vírus HIV através do consumo de Cocaína injetável. Assim, começa a ser procurado pelos próprios presos com sintomas que seriam já o início de AIDS. 

A medida que começa os atendimentos, o Dr. vai se aproximando das histórias desses presos e a partir daí começa a contá-las no livro. São histórias que nos fazem repensar, que nos fazem analisar e entender até certo ponto como esses presos chegaram até ali. Tem história envolvendo vingança, morte passional, e até mesmo tráfico de drogas, mas o Dr. não estava ali para julgar aqueles homens e sim atendê-los de uma forma mais humanizada. 

Muitas das vezes, Drauzio não tinha exames de imagens e nem medicamentos para tratar as doenças, porque a burocracia para se solicitar era tanta que quando chegavam as autorizações, muitos presos já haviam vindo a óbito. 

Drauzio narra, muitas das histórias são contadas por presos que estão em seus últimos dias, por conta das doenças oportunistas e também da própria Tuberculose, que assolava muitos presos dentro dos pavilhões. Conhecendo o código-penal da cadeia, que muitas vezes era bem pior do que o dado pela Justiça. 

Eu confesso que amei o livro, fiquei curiosa para assistir novamente o filme de mesmo nome que é inspirado no livro. Algumas histórias me deixaram perplexas, outras só empática. O dia do massacre foi narrado também e nos deixa pensativos sobre o papel da polícia e sua responsabilização por tantas mortes. 

Eu já estou curiosa para as outras leituras do mesmo seguimento do Dr. Drauzio. 

Se você não leu esse livro, leia. Não perca mais tempo e faça essa leitura que irá te surpreender de um nível muito alto. 

*Audiolivro cedido em parceria com a Editora. 

Onde ComprarEstação Carandiru

Título: Estação Carandiru
Autor:  Drauzio Varella
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 302

SinopseO médico Drauzio Varella relata dez anos de atendimento voluntário na Casa de Detenção de São Paulo, o maior presídio do Brasil, e mostra como um código penal não-escrito organizava o comportamento da população carcerária.
Em 1989, o médico Drauzio Varella iniciou na Detenção um trabalho voluntário de prevenção à AIDS. Entre os mais de 7200 presos, conheceu pessoas como Mário Cachorro, Roberto Carlos, Sem-Chance, seu Jeremias, Alfinete, Filósofo, Loreta e seu Luís. Não importava a pena a que tinham sido condenados, todos seguiam um rígido código penal não escrito, criado pela própria população carcerária. Contrariá-lo poderia equivaler à morte.
O relato de Drauzio Varella neste livro tem as tonalidades da experiência pessoal: não busca denunciar um sistema prisional antiquado e desumano; expressa uma disposição para tratar com as pessoas caso a caso, mesmo em condições nada propícias à manifestação da individualidade.
Lançado em 1999 e transformado em filme em 2003, por Hector Babenco, Estação Carandiru recebeu o Prêmio Jabuti 2000 de livro do ano e, desde então, já vendeu centenas de milhares de exemplares.

27 de novembro de 2022

{Filme versus Livro} Procura-se um marido

Hoje a gente vai falar um pouco sobre o filme que estreou na HBOmax, Procura-se, livro da nossa autora, Carina Rissi, e que vai abordar a vida de Alicia. 

Foto retirada da internet

O que eu achei um ponto positivo do filme: O casal, feitos pela Camila Queiroz e Klebber Toledo. A história foi pouco modificada. Temos uma Alicia imatura que cresce com a questão da obrigação de casar colocada pelo testamento do Avô. 

O que achei um ponto negativo: A forma como as coisas aconteceram entre a Alicia e o Max e mesmo tendo uma química impressionante, achei que ficou tudo muito corrido. 

Entendo que eles não queriam que o filme se estendesse, mas acho que muitas coisas ficaram no ar. E eu senti falta desse crescimento da Alicia, ao longo do filme. 

Outro fator é que o advogado saiu ileso, lembro que acontecia alguma coisa importante no livro, mas é isso, o filme levou numa boa. 

Eu gostei também da família do Max, achei que foram importantes, e até fiquei pensando se teriam as continuações, como tem com os livros, que são spin-off. 

Bom, no todo eu gostei bastante do filme, acho que entregou o que se propos. Achei que a cena do casal principal foram o ponto alto da trama e acredito que muito se deu pela química e intimidade do casal, que são casados na vida real. 

Eu gostei bastante do filme, e vocês já assistiram? Venham falar para mim o que acharam. 


Sinope: Procura-se
1h37 min
Comédia Romântica
Direção: Marcelo Antunez
Produção: Framboesa Filmes
Elenco: Camila Queiroz, Klebber Toledo, Noemi Oliveira

20 de novembro de 2022

{Série versus Livro} No mundo da Luna

 Hoje vamos falar sobre a série que estreou na HBOmax e que é baseada na obra de mesmo nome de Carina Rissi. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu assisti a série toda e confesso que amei. Apesar de algumas diferenças significativas na trama, a essência do livro permaneceu. 

O que mais me chamou a atenção é que a história se passa no Centro de SP. Sim, eu morei muitos anos no centro e reviver esses momentos foram bem bacanas. 

Luna é uma recém jornalista, mora com a sua amiga Sabrina e está doidinha para ser a mais nova jornalista da Jornaw. Luna é extrovertida e contratada pela Clarice para escrever a seção do horoscópo. Só que a nossa protagonista vai até a casa de sua avó e rouba um barulho centenário de sua vó. 

Luna começa a colocar as cartas e elas conversam com ela. Eu acho essa parte a mais engraçada. O Dante aparece no primeiro episódio, eles se envolvem, mas há um outro rapaz que também vai mexer com o coração da nossa protagonista. 

Não tem como não se apaixonar pela série e pelos personagens. Confesso que já estou ansiosa para a continuação e amei essa versão. 

Apesar de algumas diferenças, a série ficou maravilhosa. Não tem como você não rir e não se conectar com essa cultura cigana. Sabemos que as mudanças foram muitas, mas acredito que temos que dar um crédito para a série. 

Então, já viram a série? Já leram o livro? Venham me contar o que acham. 



26 de junho de 2022

{Resenha} Vozes do Joelma

Hoje a resenha é sobre o livro "Vozes do Joelma" de Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini.

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu confesso que esse livro estava na minha há um tempo. Quando comecei a ler as histórias, entendi o enredo. Eu sou a pessoa que não leio sinopse, então, quando vi o titulo achei que o livro se tratava de outra história. 

O livro é dividido por contos e cada autor traz suas histórias, baseada na tragédia que aconteceu no Edíficio Joelma. Foram 200 mortos e mais de 300 feridos, mas o que ninguém tinha me contado e eu não tinha me ligado é que os autores criam as histórias, baseadas nas histórias que rondaram a tragédia no Joelma. 

Confesso que eu esperava mais dessa leitura. Achei uma viagem muito grande você trazer relatos em cima de uma tragédia, queria ler mais sobre o Joelma mesmo, mas acredito que eu acreditei na opinião das pessoas de que o livro era realmente muito bom. 

Então, se você está em busca de um livro de ficção que vai falar de morte, assombração e um pouco de zumbi, esse é o livro certo. 

Se você quiser saber mais de história, aí você terá que pesquisar. Eu fui pesquisar depois na internet e vi que o Joelma queimou 2 anos após a sua construção. Era um prédio imponente no centro de SP e foi feito de um jeito pronto para queimar. E isso foi o mais triste. Um curto circuito em um ar condicionado fez o início do estrago e o prédio se apropriou do resto. 

Muita gente se jogou, temendo morrer queimado, sem ter a esperança de ser resgatado. Muitos se amontoaram nos elevadores e tentaram se salvar, muitos foram para o telhado e não tiveram muita chance.

Acho que o livro poderia trazer mais dessas histórias, ficaria mais interessante. Mas, ainda assim, vale a pena a leitura. É um livro rápido. Eu o li em menos de uma semana, pra vocês que me conhecem, sabem que isso é muito rápido. 

Acho que é isso. Bora valorizar também a literatura nacional. Vem embarcar nesse poço. 

Onde ComprarAmazon

Título: Vozes do Joelma
AutorMarcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini
Editora: Faro Editorial
Páginas: 288

SinopseMarcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini são autores reconhecidos pela crueldade de seus personagens e grandes reviravoltas nas narrativas. As mentes doentias por trás dos livros A Casa dos Pesadelos, O Escravo de Capela, Dança da Escuridão, Horror na Colina de Darrington, Quando ela desaparecer, O Casamento, Colega de Quarto, e da série As Crônicas dos Mortos, se uniram para criar versões perturbadoras sobre as tragédias que ocorreram em um terreno amaldiçoado, e convidaram o igualmente perverso Tiago Toy para se juntar na tarefa de despir os homicídios, acidentes e assombrações que permeiam um dos principais desastres brasileiros: o incêndio do edifício Joelma. O trágico acontecimento deixou quase 200 mortos e mais de 300 feridos, além de ganhar as manchetes da época e selar o local com uma aura de maldição. Esse fato até hoje ecoa em boatos fantasmagóricos que envolvem a presença de espíritos inquietos nos corredores do prédio e lendas sobre lamúrias vindas dos túmulos onde corpos carbonizados foram enterrados sem identificação. Algo que nem todos sabem, é que muito antes do Joelma arder em chamas no centro de São Paulo, o terreno já havia sido palco de um crime hediondo, no qual um homem matou a mãe e as irmãs e as enterrou no próprio jardim. Devido às recorrentes tragédias que marcaram o local, há quem diga que ele é assombrado por ter servido como pelourinho, onde escravos eram torturados e executados. E sua maldição já fora identificada pelos índios, que deram-lhe o nome de Anhangabaú: águas do mal. Se as histórias são verdadeiras não se sabe... A única certeza é que a região onde ocorreu o incêndio tornou-se uma mina inesgotável de mistérios. E, neste livro, alguns deles estão expostos à loucura de autores que buscaram uma explicação.

16 de maio de 2022

{Resenha} Laços de amor

Hoje a resenha é sobre o livro "Laços de Amor" de Amadeu Ribeiro.

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Melina é uma pediatra muito dedicada, mas um plano de vingança pode abalar a sua encarnação nessa vida. A moça foi criada com muito amor pelo seu pai, uma relação de afeto de outras vidas. A sua mãe, ao contrário de seu pai, sempre foi mais poliqueixosa e mal humorada. 

Só que a falta de fé pode abalar as estruturas da nossa médica. Uma leva de espíritos estão conspirando juntamente com seu líder para que a menina caia nas garras do vício e se afunde, até voltar para o plano espiritual. 

Será que o amor vai vencer as barreiras do mal? 

Essa é uma pergunta que eu sempre me faço, pois nesse mundo passamos por poucas e boas. Nos enveredamos por uma estrada sinuosa e cheia de apuros, e se a fé move montanhas, conseguimos transpor essas barreiras. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

E Melina terá que se apegar em uma força superior para conseguir driblar as investidas de Chronos, que não suporta o fato de o ter deixado em outras vidas. A vingança é um sentiEu mento bem triste e solitário, enquanto você fica remoendo uma situação, faz com que esse sentimento tome conta da sua vida e esgote suas possibilidades de ser feliz. 

Eu gostei bastante da leitura, apesar de ter momentos de quere matar a Melina pela sua incredulidade. Eu sei que a gente não precisa ter uma religião para se apegar a espiritualidade e é isso que falta à nossa protagonista. A médica é muito racional, e acaba sendo bastante influenciada. 

É uma leitura que faz você se questionar em muitos momentos, faz você refletir sobre as crenças e sobre o que realmente é bom. Uma leitura que fará você acreditar que o amor fraterno é muito forte e pode salvar vidas. 

Se você não conhece o livro e nunca leu nada sobre espiritualidade, vem dar uma chance a essa leitura. Você não irá se arrepender. 

*Livro cedido em parceria com a Editora. 

Onde ComprarVida e Consciência

Título: Laços de Amor
Autor: Amadeu Ribeiro
Editora: Vida e Consciência
Páginas: 352

SinopseO que você seria capaz de fazer para proteger um filho? A médica Melina sempre foi a menina dos olhos de seu pai, Orlando. Criada em um ambiente de amor e carinho, ela acreditava ter uma vida feliz e estável, mesmo que a rotina exaustiva de sua profissão a deixasse sem tempo para romances, filhos, amizades e, principalmente, para si mesma. No entanto, forças espirituais poderosas e sombrias travavam um intrincado plano de vingança contra a jovem devido a um passado em comum, que resultou em situações inacabadas.Alheia à presença de amigos astrais, que tudo faziam para ajudá-la a manter uma vida de paz e equilíbrio, Melina deixou-se afundar cada vez mais em um mundo novo, obscuro e perigoso. Quando tudo, no entanto, parecia perdido, Orlando descobriu dentro de si uma força extraordinária, que ele usou como ferramenta para resgatar das trevas a única pessoa que sempre amou.Neste belo e envolvente romance, que traz preciosos e importantes ensinamentos, você descobrirá como trabalham as forças espirituais superiores e inferiores e que a escolha por uma vida positiva, equilibrada e feliz depende unicamente de cada um de nós.

25 de abril de 2022

{Resenha} No fundo do poço, lavei a alma

Hoje a resenha é sobre o livro "No fundo do poço, lavei a alma" de João Melo. 

Foto retirada de Arquivo Pessoal

Eu fiquei bem empolgada quando a editora parceira disse que iria lançar esse livro. Gostei bastante da premissa e achei a leitura bem fluida. 

Após passar por um momento conturbado, voltar a sua cidade e começar a entender que as coisas as vezes não dão certo e está tudo bem. Que temos a chance de nos conectar conosco e continuar a vida. 

E é assim que vejo essa leitura. Com temáticas do cotidiano, conseguimos captar o sentimento que o autor nos passa. A cada página, nos aprofundamos nos seus medos e anseios e isso foi o que me chamou mais atenção. 

Eu gosto de livros que a temática aborda a vida real e dá para sentir em algumas páginas o sofrimento do autor. E é isso que me fez continuar a leitura. 

Acredito que a única coisa que falte na leitura é um maior aprofundamento. Apesar de gostar, acho que ainda faltou algo, as colocações foram importantes, mas algumas são leituras que já ouvimos como nos amarmos em primeiro lugar. Apesar de serem observações que fazemos sempre, e é sempre bom ler novamente, acho que poderia ter mais sentimentos e experiência do autor, para tornar o livro um pouco mais palpável. 

Entretante, gostei da leitura. Acho que é uma leitura válida e importante, para conseguirmos dar valor ao nacional. E acretito que todos tem que ler para ter sua própria opinião. 

Então, tá esperando o que para conhecer a escrita do João? Vem e me conta o que achou. 

*ebook cedido em parceria com a Editora. 

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Título: No fundo do poço, lavei a alma
Autor: João Melo
Editora: Madrepérola
Páginas: 160  

Sinopse: É, talvez esse seja um dos maiores problemas que enfrentamos: Insistir em permanecer em locais que não somos ou nunca fomos bem-vindos. Insistir já é algo complicado, até porque, quando insistimos, estamos tentando de novo uma coisa que já não deu certo, "forçando" para que dê. Este não é um livro triste. Na verdade, ele está mais para um livro de superação. Não que ele traga uma fórmula para superar, mas sim porque no fundo do poço eu consegui enxergar as coisas que enxergo hoje. As seguintes páginas que você vai ler não são uma verdade absoluta, tampouco uma certeza que o autor tem de suas convicções. As linhas a seguir tentarão ser responsáveis por te mostrar uma outra visão de mundo, uma outra forma de enxergar o que quase ninouém presta atenção. Se abrir, o autor que redigiu essas palavras vai tentar te provocar pensamentos e reflexões sobre a vida. No fundo do poço, lavei a allna é sobre isso, e está tudo bem.





30 de março de 2022

{Viagens e Leitura} Desbravando nosso nordeste

Olá pessoal. Como vocês estão? Faz um tempão que não trago um post desse sobre viagem e depois de um longo período, pós viagem, resolvi escrever, tanto para contar a minha experiência no nosso Nordeste e dar dicas de como conciliar com a leitura. 
Arraial D'Ajuda, 2021

A viagem aconteceu entre os dias 04 à 21 de outubro e depois de tanto tempo sem planejar um roteiro, consegui me organizar e pude conhecer um pouco mais da terra onde minha mãe nasceu e cresceu. Embarcamos pelo Aeroporto de Congonhas, na capital de São Paulo, e fomos direto para Arraial D'ajuda, Bahia. 

E, para quem não conhece, Arraial fica no Sul da Bahia, desembarcamos em Porto Seguro e pegamos a balsa até a cidade. Ficamos hospedadas em um hotel com uma piscina incrível, e uma vista de fazer o coração parar. 
Foto retirada de Arquivo Pessoal

Vocês já sabem que eu sou exagerada na hora de colocar os livros na bagagem, por isso, fui econômica ao levar um livro físico e o Kindle, que já é meu companheiro de viagens. 
Estava lendo Killer Clown Profile: Retrato de um Assassino e Sob o mesmo teto. Cada passeio era dividido entre as belas paisagens e a leitura agradável.

Em Arraial visitei alguns points badalados como: O Centro histórico e a Igreja de Nossa Senhora D'Ajuda,  Praia de Mucugê, Praia dos Pescadores, Praia do Espelho, além de comer em alguns restaurantes locais e poder aproveitar o sol, que estava forte e lindo naquela semana. 
Arraial d'ajuda, 2021

E, após seis dias, nos despedidos de Arraial, na certeza de que um dia voltaremos. E descemos em Salvador. Eu não sou a mais adepta de capitais, pois morando na maior cidade do Brasil, a gente aprende a apreciar as pequenas coisas, como o silêncio, que é algo raro de se ver na cidade grande. Salvador é uma cidade que tem muito a oferecer aos seus turistas, além das praias lindíssimas, a arquitetura não deixa nada a desejar e a gastronomia só nos enche de mais amor, pela cidade e pelos baianos. 

Minha mãe tem irmãs que ainda moram por ali, e já aproveitamos para visitá-las e matar um pouquinho a saudade. Fomos em alguns pontos turisticos novamente, porque a última vez que fui a Salvador foi há mais de 15 anos. As cidades evoluem (ainda bem) e Salvador não ficou para trás. 
Pelourinho, 2021

Em Salvador eu terminei um livro, depois de passar pelas ruas do Pelourinho, Mercado Modelo e Farol da Barra, contemplei a cidade e a história que tinha acabado de terminar de ler e a trajetória na Bahia estava acabando. Foram cinco dias, revendo conhecidos, comendo e conhecendo lugares.

Após essa estadia maravilhosa na Bahia, ainda paramos em Aracaju, antes de voltarmos para São Paulo. Foram sete dias em Aracaju conhecendo a cidade e só posso dizer, que quem não conhece Sergipe, vá conhecer, porque é simplesmente divino. 
Orla do Atalaia, 2021

Começamos a desbravar a cidade pela Orla do Atalaia, que praia mais agradável e a Orla não deixa nada a desejar. Fomos ao Cânion do Xingó, que faz um tour pelo Rio São Francisco, passamos por Canindé, onde filmaram a Novela Velho Chico e não tem como não se emocionar, ao conhecer o lugar, onde Domingos Montagner veio a falecer. Além disso, fomos a Croa do Goré e a Praia dos Namorados, que lugar mais encantador e fechamos a visita comendo no Cariri e apreciando uma boa música. 
Praia dos Namorados, 2021

Essa viagem veio para lavar a alma, uma alma livre e apaixonada, que só queria provar para si, que conseguiria viajar sem o medo que a assolava. E eu consegui. Terminei um livro e o outro veio bem encaminhado. Não tenho palavras para dizer que viajar faz um bem para corpo e alma e é o melhor investimento que podemos fazer. Então, se você quer viajar e não sabe se conseguirá conciliar com a leitura, vem comigo, que eu te ajudo a fazer as duas coisas e voltar com muitas fotos e histórias para contar. 

Vem embarcar comigo nessa!


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