Hoje a resenha é sobre o livro "O pior dos crimes: A história do assassinato de Isabella Nardoni" de Rogério Pagnan.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Eu estava com esse livro na estante parado há muito tempo. Apesar de ver a série e ler outros livros sobre o tema, essa é uma história que não tem como a gente não se compadecer.
O Rogério é um jornalista, que fez a cobertura a fundo de tudo o que aconteceu naquele fatídico dia que uma criança apareceu caída no jardim do prédio, na zona norte de São Paulo.
Ao decorrer da leitura, podemos perceber que o autor traça um paralelo da investigação que está sendo feita pela polícia e pela sua própria investigação. Foram anos dedicados na investigação, entrevista de pessoas que estavam ligados diretamente a denúncia.
Eu fiquei meio passada com as descobertas da investigação e o quanto a gente coloca em xeque o que foi apresentado pelos procuradores e pela justiça.
E ao acompanhar toda a investigação, ficamos repensando muitas coisas, até mesmo que os Nardoni poderiam não ter feito aquilo, não serem culpados de fato. A ideia de julgamento, primeiro pelo público e pela imprensa, fica muito claro nas páginas do livro. Eu sei que se fosse hoje, teríamos outras provas para analisar, afinal, estamos falando do ano de 2008.
Rogério inclusive faz um paralelo de vida do Alexandre e da Ana Carolina, como se conheceram e resolveram ficar juntos, o nascimento dos filhos. A relação das famílias com os genitores. A relação da ex, também Ana Carolina, com o Alexandre e a madrasta. Isso tudo é narrado, antes de entrar de fato no dia do crime e no que foi revelado ao longo de todo o processo criminal.
Eu até achei meio tendencioso ao final da leitura, como se a todo momento o autor quisesse achar outros culpados ou que a justiça tinha sido injusta nesse caso. E apesar de tudo que foi colocado, apesar de ser uma história que envolva uma criança e que os culpados nunca confessaram, fica difícil acreditar que eles não estão envolvidos.
Eu acredito que todos tenham que ler para chegar as suas próprias conclusões. Eu li e gostei. E acredito que no fim, o Rogério estava fazendo seu trabalho enquanto jornalista, tentou ser parcial e mostrar o outro lado, por isso vale a leitura.
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: A história completa do assassinato que chocou o Brasil Construído em ritmo de thriller, O pior dos crimes esmiúça o trágico caso que conseguiu estarrecer a opinião pública de um país rotineiramente violento. Em 29 de março de 2008, Isabella, de 5 anos, foi atirada ainda com vida pela janela do sexto andar do apartamento do pai, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá, na zona norte da capital paulista, e morreu pouco depois de chegar ao hospital. O que se seguiu foi uma investigação e um processo repletos de pistas mal perseguidas, depoimentos de suspeitos com “pegadinhas”, uso de informações falsas, pressões indevidas para a obtenção de confissões, perícias criminais deficientes e um Ministério Público empolgado com os holofotes. Se o caso Nardoni representou ou não um erro judicial, se houve elementos suficientes para uma condenação “acima de qualquer dúvida razoável”, o leitor será capaz de dizer a partir da leitura deste instigante livro-reportagem.
"Este livro, construído em ritmo de thriller, merece ser lido por todos que se interessam por investigação policial, sistema judicial, crime e castigo. Um dos mais importantes repórteres policiais de sua geração, Rogério Pagnan não se contentou em detalhar o trágico caso que, por inúmeras características, conseguiu estarrecer a opinião pública de um país rotineiramente violento. O autor foi além, enfrentando questões urgentes e ainda pouco debatidas no Brasil a respeito da natureza e dos limites de um processo judicial, o que torna esta obra, desde já, imprescindível no campo do Direito. Aqui estão expostos os vícios que alimentam uma engrenagem burocrática investigatória abaixo das necessidades de um país com seus 60 mil homicídios ao ano: pistas mal perseguidas, depoimentos de suspeitos com “pegadinhas”, uso de informações falsas, pressões indevidas para a obtenção de confissões, perícias criminais deficientes, um Ministério Público empolgado com os holofotes, dúvidas transformadas em certezas. Embora, vale dizer, não sejam características restritas ao Brasil, são ingredientes de uma receita destinada a produzir processos frágeis e cheios de dúvidas. Mas, se o caso Nardoni de fato representou ou não um erro judicial, se houve elementos suficientes para uma condenação “acima de qualquer dúvida razoável”, como se espera no desfecho de qualquer acusação, o leitor poderá dizer a partir da leitura deste instigante livro-reportagem. Pagnan demonstra o que sempre se espera dos grandes repórteres em quaisquer circunstâncias: cético sem ser cínico, afirmativo sem ser leviano, ágil sem ser superficial. Sua exaustiva pesquisa sobre detalhes do processo, contrapondo argumentos da acusação e da defesa, produziu uma peça da mais alta qualidade e mais alto interesse jornalísticos. Obra que deveria servir de reflexão para todos que, de uma forma ou de outra, no curso de suas vidas profissionais, como policiais, promotores, juízes e jornalistas, acabam tendo que lidar com episódios dramáticos como a morte brutal da menina Isabella Nardoni." (Rubens Valente, jornalista)
Nenhum comentário:
Postar um comentário