Hoje a resenha é sobre o livro "Estação Carandiru" de Drauzio Varella.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Esse é um daqueles livros que você espera muito tempo para ler e quando o faz fica se perguntando porque não leu antes. E foi essa sensação que tive, quando terminei essa leitura.
Dr. Drauzio Varella é médico, oncologista, pesquisador e cientista brasileiro. Se formou na Universidade de São Paulo e começou a trabalhar em hospitais da cidade metropolitana. Drauzio foi um dos pioneiros no estudo da AIDS principalmente do Sarcoma de Kaposi. Em 1989, início um trabalho no presídio do Carandiru investigando a prevalência do vírus HIV nos detentos. Até 2002, ano em que o Carandiru foi desativado, trabalhou como médico voluntário.
E é como voluntário que o Dr. nos relata as histórias de tantos anos trabalhados no maior presídio do Brasil, com uma média de sete mil presos, sendo divididos por Pavilhões. Só no Pavilhão 9, onde ficavam os réus primários ou que aguardavam o julgamento, tinha uma média de 2700 presos.
A princípio Drauzio nos explica como são divididos os pavilhões dentro do Carandiru e como os presos eram separados. E a partir disso, Drauzio começa a dar pequenas palestras sobre a disseminação do vírus HIV através do consumo de Cocaína injetável. Assim, começa a ser procurado pelos próprios presos com sintomas que seriam já o início de AIDS.
A medida que começa os atendimentos, o Dr. vai se aproximando das histórias desses presos e a partir daí começa a contá-las no livro. São histórias que nos fazem repensar, que nos fazem analisar e entender até certo ponto como esses presos chegaram até ali. Tem história envolvendo vingança, morte passional, e até mesmo tráfico de drogas, mas o Dr. não estava ali para julgar aqueles homens e sim atendê-los de uma forma mais humanizada.
Muitas das vezes, Drauzio não tinha exames de imagens e nem medicamentos para tratar as doenças, porque a burocracia para se solicitar era tanta que quando chegavam as autorizações, muitos presos já haviam vindo a óbito.
Drauzio narra, muitas das histórias são contadas por presos que estão em seus últimos dias, por conta das doenças oportunistas e também da própria Tuberculose, que assolava muitos presos dentro dos pavilhões. Conhecendo o código-penal da cadeia, que muitas vezes era bem pior do que o dado pela Justiça.
Eu confesso que amei o livro, fiquei curiosa para assistir novamente o filme de mesmo nome que é inspirado no livro. Algumas histórias me deixaram perplexas, outras só empática. O dia do massacre foi narrado também e nos deixa pensativos sobre o papel da polícia e sua responsabilização por tantas mortes.
Eu já estou curiosa para as outras leituras do mesmo seguimento do Dr. Drauzio.
Se você não leu esse livro, leia. Não perca mais tempo e faça essa leitura que irá te surpreender de um nível muito alto.
*Audiolivro cedido em parceria com a Editora.
Onde Comprar: Estação Carandiru
Nenhum comentário:
Postar um comentário