Hoje a resenha é sobre o livro "Prisioneiras" de Drauzio Varella.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Esse é o terceiro livro da série sobre o sistema penitenciário brasileiro e confesso que já me senti órfã. O Drauzio escreve de uma forma tão clara e fluida, que quando você termina a leitura, se sente sozinha e desamparada rs.
Nesse livro, vamos conhecer a história de algumas mulheres que se embrenharam no mundo do crime, sejam elas jovens ou senhoras, fazendo parte do tráfico ou apenas servindo de ponte para o companheiro que também estava em alguma penitenciária do Estado.
Ler esse livro, me fez ter muitas reflexões, até mesmo sobre o nosso sistema penitenciário e a forma como as pessoas são presas e simplesmente trancafiadas, sem perspectivas de sair do local na qual estão, abandonando suas famílias, filhos e até mesmo namorado ou marido, que consequentemente também estão presos.
O que mais chama a minha atenção e até a do Dr., é o fato de a maioria das mulheres já serem multíparas com menos de trinta anos.
Outra informação interessante e muito revoltante é que como a maioria ali está presa porque ajudou o companheiro, seja levando drogas nas visitas íntimas, seja participando de assalto ou até mesmo do tráfico. Esse mesmos companheiros, que se diziam tão apaixonados, acabam abandonando suas mulheres quando elas mais precisam e muitas ainda perdem o contato com a família e os filhos, fazendo com que passem os anos extremamente sozinhas.
A leitura é um tapa na cara de muita gente, não tem como não questionar como é hoje o sistema penitenciário brasileiro. O Dr. Drauzio crítica muito e não temos como não pensar sobre isso. E, muitos são presos e ficam anos nas detenções sem ao menos ter um julgamento mínimo, não se há investimento na ressocialização e essas pessoas saem das prisões, mesmo que tenham cumprido suas penas, saem sem perspectivas ou qualquer ajuda do governo, fazendo com que voltem para o crime.
Isso é algo que precisa ser revisto e analisado. Eu só posso dizer que adorei a leitura dessa trilogia. Foi muito importante para entender melhor como é dentro do sistema penitenciário e o quanto isso impacta no país.
Então, vocês estão esperando o que para ler essa belezura?
Onde Comprar: Companhia das Letras
Sinopse: Na sequência de Estação Carandiru e Carcereiros, o último volume da aclamada trilogia de Drauzio Varella sobre o sistema carcerário brasileiro. O trabalho de Drauzio Varella como médico voluntário em penitenciárias começou em 1989, na extinta Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Os anos de clínica e as histórias dos presos, dos funcionários e da própria cadeia seriam retratados nos aclamados livros Estação Carandiru (1999) e Carcereiros (2014). Em 2017, Drauzio encerra sua trilogia literária sobre o sistema carcerário brasileiro com Prisioneiras. Alçando as mulheres encarceradas a protagonistas, o médico rememora os últimos onze anos de atendimento na Penitenciária Feminina da Capital, que abriga mais de duas mil detentas. São histórias de mulheres que não raro entram para o crime por conta de seus parceiros - inclusive tentando levar drogas aos companheiros nas penitenciárias masculinas em dias de visita -, porém que são esquecidas quando estão atrás das grades. As famílias conseguem tolerar um encarcerado, mas não uma mãe, irmã, filha ou esposa na cadeia. No ambiente carcerário feminino, há elementos comuns às penitenciárias masculinas. Assim como no Carandiru, um código de leis não escrito rege as prisioneiras; o Primeiro Comando da Capital (PCC) está presente e mostra sua força através das mulheres que integram a facção; e a relação entre aquelas que habitam as cadeias não é menos complexa. As casas de detenção femininas, no entanto, guardam suas particularidades -- diferenças às quais o médico paulistano dedica atenção especial em sua narrativa. Desde a dinâmica dos atendimentos e a escassez de visitas até os relacionamentos entre as presas, fica nítido que a realidade das prisões escapa ao imaginário de quem vive fora delas. Prisioneiras é um relato franco, sem julgamentos morais, que não perde o senso crítico em relação às mazelas da sociedade brasileira. Nesse encerramento de ciclo, Drauzio Varella reafirma seu talento de escritor do cotidiano, retratando sua experiência e a vida dessas mulheres com a mesma disposição, coragem e sensibilidade que empreendeu ao iniciar seu trabalho nas prisões há quase três décadas.
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