Hoje a resenha é sobre a graphic novel "Persepólis" de Marjane Satrapi.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Marjane nasceu em uma família que não aceitava muita coisa, eles eram bem politizados e ensinaram sua filha a lutar desde cedo. Aos dez anos ela se viu obrigada a usar o véu e odiou aquilo. Além disso, a classe seria só de meninas e isso fez com que ela ficasse chateada pelos seus amigos. Tanto o pai quanto a mãe de Marjane sentavam com ela e explicavam tudo o que estava acontecendo, deixando a menina ao mesmo tempo curiosa e mais crítica nos lugares aos quais frequentava.
Marjane teve que crescer cedo demais, e muitas coisas a colocavam em perigo, então, os seus pais temendo que ela fosse presa ou torturada, pela revolução que tomou conta do Irã, com quatorze anos ela foi morar na Áustria. Ela encontrou muitas barreiras, principalmente porque ainda era muito imatura. Estudou, aprimorou a língua, mas a nossa Marjane era ainda uma criança e penou bastante na Europa. Começou a namorar e por se sentir muito carente, acabou depositando toda a felicidade, tristeza, carência e frustrações nessa relação e isso fez com que ela voltasse, com uma mão na frente e outra atrás para o seu país.
Quando ela voltou para o Irã, estava lutando contra a depressão. Não conseguia encarar os pais, acreditava que tinha falhado na missão de morar na Europa sozinha, porém Marjane tinha apenas quatorze anos e teve que se virar, inclusive com a língua. Ao voltar, se deparou com um Irã ainda em guerra e decidiu que ia dar a volta por cima.
Voltou a estudar, começou a namorar novamente e chegou até a casar. Os pais sempre acreditaram que a nossa protagonista era um espírito livre e que se prender ao casamento era novidade e que ela não iria aguentar, e eles estavam certos. Marjane fez faculdade de Belas Artes e decidiu dar a volta por cima. Decidiu que iria se separar e voltar para a Europa, para estudar. E aos vinte quatro anos ela foi embora, decidida de que agora seria para sempre.
Foto retirada de Arquivo Pessoal |
Marjane sofreu bastante na Europa, ela era uma menina, em um país que não tinha muitas restrições, drogas e sexo a vontade, mas ela não teve a oportunidade de conversar com os pais sobre isso, por isso ela quase se deu muito mal. A depressão a pegou, e eu entendo, porque além de estar em um local diferente, ela era vista com um ser de outro planeta. A cultura é muito diferente, a comida e até os feriados, ela se sentia muito solitária e não era para menos, caraca a menina era uma criança.
A guerra Irã-Iraque deixou muitas marcas na sociedade, a Marjane mesmo perdeu muitos amigos e familiares, foram anos difíceis, mas ela conseguiu dar a volta por cima e trouxe essa preciosidade de HQ para nos emocionarmos e encorajarmos a fazer o que a gente sempre deseja. Por isso, não tem como não amar essa história e a trajetória da Marjane.
Eu amei a leitura, amei vivenciar um pouco da vida da nossa Persépolis. Agora, vocês estão esperando o que para ler essa preciosidade.
Vem embarcar numa história de véus, guerras e liberdade de expressão.
Título: Persépolis
Autor: Marjane Satrapi
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 352
Sinopse: Marjane Satrapi tinha apenas 10 anos quando viu-se obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979, ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita, apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão dos persas. 25 anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que transformou-se, Marjane, emocionou leitores de todo o mundo com sua autobiografia nos quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o popular encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor infiltra-se no drama, e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.
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